Congelamento de óvulos cresce 94% ao ano na Paraíba e reflete tendência de maternidade tardia no Nordeste

Imagem: Freepik

 

A Paraíba registra uma das maiores taxas de crescimento na procura por congelamento de óvulos em todo o Nordeste. Segundo dados do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de ciclos de criopreservação realizados no estado cresceu, em média, 94,3% ao ano entre 2020 e 2024, acompanhando a tendência de adiamento da maternidade no Brasil.

Siga o canal do WSCOM no Whatsapp.

A técnica, cada vez mais procurada por mulheres que desejam garantir a possibilidade de engravidar no futuro, também tem ganhado espaço em estados vizinhos, como Pernambuco, onde o aumento médio anual foi de 8,7% no mesmo período. O assunto é destaque no 49º Congresso Pernambucano de Ginecologia e Obstetrícia, realizado em Recife, durante um simpósio organizado pelo FertGroup, maior rede nacional de clínicas especializadas em reprodução humana.

De acordo com o Prof. Dr. Oscar Duarte, diretor médico do FertGroup, o avanço da técnica está diretamente ligado às mudanças sociais e profissionais das mulheres. “Com isso em vista, é fundamental a realização, o quanto antes, de consulta com um ginecologista para que ele avalie a reserva ovariana da paciente e se há indicação para o congelamento de óvulos”, afirma.

A reserva ovariana representa o potencial reprodutivo da mulher, já que corresponde à quantidade de folículos — estruturas presentes nos ovários que podem dar origem a óvulos maduros. Segundo a médica Dra. Verônica Ferraz, diretora da Clínica Geare de Medicina Reprodutiva, referência na região Nordeste e integrante do FertGroup, “nascemos com um determinado número de folículos — um estoque que se reduz continuamente ao longo da vida reprodutiva e não é reposto. Por volta dos 35 anos, essa perda se acelera e os óvulos que restam tendem a apresentar menor qualidade, o que torna mais desafiadora a gestação e o nascimento de bebês saudáveis”.

Os números reforçam essa preocupação. Dados da Anvisa mostram que, no Brasil, os ciclos de congelamento de óvulos quase dobraram em três anos, saltando de 2.193 em 2020 para 4.340 em 2023, um aumento de 97,9% — com maior adesão entre mulheres com menos de 35 anos.

A tendência acompanha transformações sociais observadas pelo IBGE. A idade média das brasileiras ao ter filhos passou de 26 anos, em 2000, para 28 anos, em 2022. Também cresceu o número de nascimentos de mães entre 35 e 39 anos, faixa em que a fertilidade começa a cair acentuadamente.

O fator idade é determinante para o sucesso do congelamento. O risco de aborto espontâneo sobe consideravelmente com o avanço da idade materna: até os 30 anos, a taxa é de cerca de 10%; após os 44, mais de 70% das gestações terminam em aborto. “O recomendável é que o procedimento seja feito o mais cedo possível para aumentar as possibilidades de sucesso, devido à melhor qualidade dos óvulos”, reforça Dra. Verônica Ferraz.

Mais Posts

Tem certeza de que deseja desbloquear esta publicação?
Desbloquear esquerda : 0
Tem certeza de que deseja cancelar a assinatura?
Controle sua privacidade
Nosso site utiliza cookies para melhorar a navegação. Política de PrivacidadeTermos de Uso
Ir para o conteúdo