Um casal de mulheres denunciou ter sido vítima de homofobia após ser expulso de um bar em Missão Velha, no Cariri cearense, depois de trocar um beijo na noite da última quarta-feira (10). Segundo relato das vítimas, o proprietário do estabelecimento se aproximou da mesa, entregou a conta e afirmou que “não aceitava aquele tipo de situação” no local, o que motivou o registro de um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.
De acordo com o vídeo gravado por uma das mulheres, o dono do bar pede para que elas paguem a conta e se retirem, justificando a decisão com a frase: “Aqui no meu estabelecimento eu não aceito”. Na sequência, a cliente questiona se ele teria visto “alguma coisa demais”, ao que o homem responde que viu as duas “se beijando”. A vítima insiste se isso seria “coisa demais” e ele reafirma que, para ele, naquele ambiente, seria. Ainda segundo o relato, o bar estava praticamente vazio, com a presença apenas do proprietário, dois funcionários e um casal heterossexual.
A jovem, que preferiu não ter a identidade revelada, afirma que a situação teria começado após uma simples “troca de afeto”, que descreveu como um gesto comum a qualquer casal. Ao questionar seus direitos, ela relata que o tom do diálogo mudou, com o proprietário elevando a voz e adotando uma postura mais agressiva. O episódio, contou, teve forte impacto emocional, sobretudo na companheira, que, após o ocorrido, teria apresentado pesadelos, estado de choque e sintomas de trauma. Mesmo diante do constrangimento, a vítima diz ter decidido registrar o caso e torná-lo público como forma de lutar pelos próprios direitos e pelos de outras pessoas LGBT+.
A Polícia Civil informou que apura uma denúncia de conduta possivelmente homofóbica e que a investigação vai considerar tanto o material apresentado pelas vítimas quanto as informações fornecidas pela defesa do estabelecimento.
Em nota, a direção do bar negou que a expulsão tenha sido motivada por homofobia e afirmou manter um “compromisso inegociável com a diversidade”, repudiando qualquer forma de discriminação. Segundo o comunicado, a intervenção não estaria relacionada à orientação sexual das clientes, mas a “comportamentos inadequados que infringiram as normas de convivência do estabelecimento”, medida que teria sido adotada para preservar a ordem e o caráter familiar do espaço. O bar também sustenta que as imagens divulgadas nas redes sociais estariam “editadas e descontextualizadas” e diz reunir vídeos de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas para apresentação à Justiça. Responsáveis pelo negócio afirmam, ainda, que pretendem adotar medidas judiciais nas esferas cível e criminal, sob a alegação de que a repercussão do caso estaria atingindo a honra e a imagem do estabelecimento.
