Santos Netto e as biografias

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“A literatura e a historiografia ilustravam e atestavam o estado de coisas”
Alexandre Luna Freire

Assinalando o ano de 1910 como ponto de atenção e referência, a expansão temática ultrapassa fronteiras históricas e literárias fora do comum e de meros limites discursivos na crônica e no jornalismo dessa segunda década republicana. A extensão do país sugere um valioso e enriquecedor material para análise e interpretação. Ultrapassa o turbilhão e o burburinho dominante na mentalidade recém-liberta da mudança de governo imperial em busca de novas diretrizes de comando e ordenamento. As biografias de cinco paraibanos centralizavam a investigação e a descrição de “Perfis do Norte”. Enquanto dois outros escritores figuravam nesse marco temporal. Eram os paraibanos Pereira da Silva e José Vieira.

Pereira da Silva, natural de Araruna, na Paraíba, teve em suas primeiras obras os títulos “Vae Soli” e “Solitudes” e só veio a consolidar, além do simbolismo, o seu ingresso em 1933, na Academia Brasileira de Letras. Por sua vez, o longo percurso literário de José Vieira atravessou décadas desde quando tornou-se uma aurora das letras de Mamanguape, na Câmara, ainda no Rio de Janeiro. A partir desse vigor prossegue, no percurso de José Vieira, uma longa história que se estende e prossegue ao longo de décadas.

A bandeira da ordem e progresso era levada a tremular de maneira triunfante. A mudança de regime, todavia, iria percorrer até a turbulência de 1930. A literatura e a historiografia ilustravam e atestavam o estado de coisas. Os gênios invisíveis da “metrópole” davam sua entonação desde 1889. Aquela eclosão republicana perdurou oficialmente, ao menos, na voz ilustrada, enquanto saudosista, como na análise de José Maria dos Santos, em sua celebrada monografia publicada nesse ano de fortes reborços. O título era “A Política Geral do Brasil”. Funcionando no movimento, daí em diante, como superação ou aprimoramento, como queria, da República Velha ou 1ª. A 2ª desenhou-se nas décadas ulteriores.

Os ilustres nomes dividindo as gerações com as décadas, na viragem do século antecedente, provinham do Norte, em diferentes estados, e perlustando a imprensa predominante, especialmente Rio e São Paulo, sem renegar as origens regionais. Não havia renúncia ou abjuração à terra de origem, de berço. Mesmo Ruy Barbosa, baiano de escol, havia transitado inicialmente pela Faculdade de Direito de Recife e desaguou na tradicional Escola de São Paulo.

As biografias são iniciadas com o perfil de Carlos Dias Fernandes. Cabe verificar, em primeiro lugar, já a demonstração do quilate intelectual que iria prosseguir para adiante da maturidade; a potencialidade intelectual extravasando nas letras clássicas, no jornalismo, nos ensaios e de atividades físicas como o fisiculturismo. O espelhamento do biógrafo dirá melhor sobre o biografado na próxima assentada, de modo elegante e percutiente porque essa apreciação ainda tenra arredondia bem antes de uma produção literária e jornalística de largos subsídios. Convém lembrar os registros anteriores do professor Neto Campelo da fase fulgurante da Faculdade de Direito do Recife no clássico e raríssimo compêndio de Direito Romano. Está assentada a contribuição de Carlos Dias Fernandes, enquanto aluno, realizando anotações preciosas.

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