Doutor em Comunicação da UFPB analisa síntese da entrevista demolidora de Greenwald no “Roda Viva”

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O professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Cláudio Paiva, doutor em comunicação e do DECOM, fez uma avaliação técnica e conceitual sobre a participação do jornalista Gleen Greenwald no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, na segunda-feira (2), mostrando a superficialidade dos debatedores gerando flagrante despreparo e vínculos com as empresas de mídia desperdiçando ótima oportunidade de avanços na abordagem conceitual que levou Green a desvendar a postura corrupta da Lava Jato liderada pelo ex-juiz Sérgio Moro, procurador Dallagnol e Cia.

 

-De maneira precária empenharam-se em buscar desestabilizar (sem sucesso) a fala de Gleen Greenwald que tem demonstrado preparo, solidez, dignidade e destreza na sustentação de seus argumentos, e no fim das contas deu uma aula de ética jornalística, competência discursiva e habilidade comunicacional, diz Cláudio Paiva em determinado trecho em sua conta no Facebook.

 

Eis, a seguir, a íntegra de seu comentário abalizado:

“O jornalismo é atravessado por tensões, conflitos e contradições. Há distinção entre liberdade de Imprensa e liberdade de empresa, o discurso do jornalista e a linha editorial do Jornal, a ética jornalística e o interesse da corporação jornalística, a opinião pública e a opinião publicada. A grande virtude do métier jornalístico reside na possibilidade de transcender as fronteiras e superar limitações.

 

Hoje, segunda, 02/09, o jornalista e advogado Glenn Greenwald foi o entrevistado no programa Roda Viva da TV Cultura. Glenn se tornou conhecido pela coragem, inteligência e desembaraço no tratamento de questões complexas como o envolvimento da Lava Jato, o Juiz Sérgio Mouro e o procurador Dalagnol em situações de corrupção.

 

Esta poderia ter sido uma experiência rica para o debate na esfera pública midiática, considerando o talento e a competência de Greenwald; mas o que se viu foi desperdício e perda de oportunidade de se construir um debate inteligente e elevado. Os jornalistas entrevistadores derraparam e demonstraram falta de perspicácia e senso de oportunidade.

 

Ficaram preocupados em se manter fiéis à linha editorial das empresas em que trabalham, em sustentar e estender a ideologia dos jornais nos quais são contratados.

 

De maneira precária empenharam-se em buscar desestabilizar (sem sucesso) a fala de Gleen Greenwald que tem demonstrado preparo, solidez, dignidade e destreza na sustentação de seus argumentos, e no fim das contas deu uma aula de ética jornalística, competência discursiva e habilidade comunicacional.

 

Fino, educado, sem no entanto esmorecer diante de perguntas de gosto sensacionalista como a feita pela jornalista Daniela Lima que enredou temas irrelevantes como a opção sexual do entrevistado e boatos sobre seu suposto envolvimento com uma indústria de filme pornô. Resumo da ópera: o declínio da inteligência se ressalta também na área do (tele)jornalismo.

 

O Roda Viva demonstrou visível queda no nível ético e cognitivo, em consonância com outras instâncias da vida pública, hoje em decadência no Brasil. Vergonha alheia.

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