O único desafiante na eleição presidencial do Egito retirou todos seus fiscais das zonas eleitorais na quarta-feira (28), reclamando que muitos foram presos ou agredidos pela polícia na tentativa de ficar de olho na votação.
Então, após dois dias de crescente alarme com a visível ausência de eleitores, o principal jornal estatal passou abruptamente a noticiar um “grande comparecimento” em sua manchete principal, enquanto os jornais privados continuavam noticiando o oposto.
“O Estado à procura de um voto”, declarou o “Al Masry Al Youm”. “Urnas à procura de eleitores”, afirmou o “Al Shorouk”.
Sinais de irregularidades eleitorais se espalhavam na quarta-feira, o terceiro dia de votação adicionado às pressas à eleição presidencial egípcia. A expectativa universal era de que a votação daria a presidência a Abdel Fattah al-Sisi, o ex-marechal de campo que derrubou o presidente Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana, no ano passado. Mas o comparecimento inesperadamente baixo ameaça minar as alegações de al Sisi de que suas ações representavam a vontade ardente da vasta maioria dos egípcios.
A retirada dos fiscais eleitorais pelo único outro candidato na disputa, Hamdeen Sabahy, removeu o último monitoramento significativo contra fraude eleitoral potencial, gerando novas preocupações com a credibilidade do resultado.
Um contexto político altamente desequilibrado e rigidamente restrito já garantiam virtualmente a vitória de al Sisi, tornando o nível de comparecimento a grande pergunta. Mas com os egípcios não comparecendo para votar, o governo militar de al Sisi, instalado no ano passado, exibe sinais de crescente desespero em seus esforços de levar mais eleitores às urnas e fortalecer a aparência de legitimidade da eleição, incluindo uma decisão de última hora, na noite de terça-feira, de manter as urnas abertas por um terceiro dia, na quarta-feira.
Sem nenhum aumento evidente no comparecimento dos eleitores, os céticos começaram a se perguntar se a noite adicional também permitiria às forças de segurança internas retomar a antiga prática de encher as urnas, para corresponder às reportagens de “grande comparecimento” que já aparecem na mídia oficial.
A campanha de Sabahy acusou em uma declaração que o dia adicional só servia ao propósito de “interferir nos números e percentuais de participação”.
Segundo a campanha, há “um aumento claro na magnitude das violações eleitorais”, incluindo forças de segurança calando, expulsando, agredindo ou prendendo os fiscais eleitorais da campanha. Ela alertou que o processo “pode nos levar de volta à 24 de janeiro de 2011”, o dia que antecedeu a revolta que forçou a queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
Quatorze de seus funcionários, disse a campanha, foram presos na noite de terça-feira enquanto deixavam uma reunião de organização – aparentemente acusados de que o encontro violava as novas restrições rígidas de reunião, que visam impedir protestos públicos. A campanha disse que dez outros por todo o país também foram temporariamente detidos por questionarem irregularidades. O Ministério do Interior disse que os fiscais entraram em choque com as autoridades eleitorais.

