O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, rejeitou nesta quinta-feira (7) a oferta dos Estados Unidos para iniciar negociações bilaterais diretas sobre o polêmico programa nuclear do país, enquanto Washington continuar a impor sanções econômicas ao Irã.
“Vocês (americanos) querem negociar enquanto apontam a arma para o Irã. A nação iraniana não será intimidada por ações deste tipo”, disse durante um discurso para comandantes da Força Aérea.
“Alguns se alegram com a oferta de negociações … (mas) negociações não vão resolver nada”, completou.
O todo-poderoso Khamenei tem a palavra final em todos os temas importantes na república islâmica, incluindo as atividades nucleares sensíveis do Irã e a política externa.
As declarações do aiatolá foram uma resposta à oferta apresentada pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para incluir o Irã diretamente na solução da questão nuclear.
Elas também foram feitas um dia após a confirmação dos Estados Unidos de novas sanções contra o Irã.
Segunda-feira, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, havia assegurado que o Irã examinaria “positivamente” a proposta de Biden, ressaltando que seu país desconfiaria dos “sinais contraditórios” de Washington.
Mas o todo-poderoso Khamenei, que tem a palavra final em todos os temas importantes na república islâmica, incluindo as atividades nucleares sensíveis e a política externa, se mostrou inflexível.
Após vários meses de interrupção, o Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) e o Irã entraram em um acordo na terça-feira para retomar as negociações em 26 de fevereiro no Cazaquistão. Londres assegurou que os ocidentais apresentarão em Almaty “uma nova oferta crível” a Teerã.
Diversos países ocidentais suspeitam que o Irã tenta fabricar uma arma atômica sob a fachada de um programa nuclear civil, uma possibilidade que o governo de Teerã nega.
O Irã exige que os ocidentais reconheçam seu direito de enriquecer urânio, já que é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), e que retire as sanções políticas e econômicas impostas pela ONU, Washington e União Europeia.
As sanções, que mergulharam o país em uma grave crise econômica, afetam principalmente as exportações de petróleo, vital para economia iraniana, e o repatriamento dos petrodólares.
O último ciclo de negociações aconteceu em Moscou em junho de 2012 e, assim como os anteriores, não registrou progressos sobre o tema do polêmico programa iraniano de enriquecimento de urânio.
O Irã, em todas as ocasiões, se recusou a suspender o enriquecimento de urânio a 20% e exportar seus estoques de urânico já enriquecido, afirmando que esses estoques e a tecnologia acumulada por Teerã não lhe permite produzir urânio enriquecido a mais de 90%, o necessário para a fabricação de armas atômicas.
Paralelamente, o Irã negocia com a Agência Internacional para a Energia Atômica (AIEA), da ONU.
Os especialistas da agência retornar a Teerã no dia 13 de fevereiro para tentar chegar a um acordo, para que consiga investigar livremente a finalidade do programa nuclear iraniano.