Política

No congresso do PT, Lula volta a defender moeda alternativa ao dólar: “Não vou abrir mão”


03/08/2025

Portal WSCOM



Neste domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender que o Brasil busque alternativas ao dólar para o comércio internacional. A fala acontece em meio à recente imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que afeta cerca de 36% das exportações do país.

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“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, afirmou Lula em evento do PT, em Brasília.

A declaração acontece dias após a Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, em que o grupo voltou a debater mecanismos para reduzir a dependência da moeda norte-americana. Donald Trump, em discurso paralelo, criticou diretamente o bloco e sinalizou que pretende retaliar países que caminhem nessa direção.

Lula afirmou que o Brasil não busca confronto com os Estados Unidos, mas quer ser tratado com respeito nas relações comerciais. “Os EUA são muito grande, é o país mais bélico do mundo, é o país mais tecnológico do mundo, é o país com a maior economia do mundo. Tudo isso é muito importante. Mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos e estratégicos. Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta”, disse o presidente.

A avaliação do Palácio do Planalto é que o tarifaço tem motivações políticas, especialmente após críticas de Washington ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

“Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável. É inaceitável”, criticou Lula.

Apesar das tensões, o presidente reforçou que o Brasil está aberto ao diálogo e que a relação diplomática entre os dois países deve ser preservada. “O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial muito ampla no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico. Mas, obviamente, que eu não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos”, pontuou.

A Casa Branca já fez contato com o Ministério da Fazenda para iniciar conversas. O presidente Donald Trump, segundo o governo brasileiro, sinalizou disposição para diálogo direto com Lula.

“Vamos dizer o seguinte, ‘olha, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas propostas pelo Alckmin e pelo Mauro Vieira. Então, é simplesmente isso”, concluiu o presidente.

O ministro Fernando Haddad informou que um pacote de apoio às empresas afetadas pelas tarifas deve ser anunciado nos próximos dias, com medidas como crédito emergencial e incentivos à exportação.



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