O espetáculo “Nove Tentativas de Não Sucumbir – uma peça de trapézio” será apresentado no dia 23 de novembro (domingo), às 19h, no Theatro Santa Roza. A entrada é gratuita. Os bilhetes serão distribuídos 1 hora antes (a partir das 18h) na bilheteria do teatro. Alternativamente, o público pode garantir seu convite de forma antecipada preenchendo o seguinte formulário: [forms.gle/jGc8arhf9X2c8KBH]. Quem optar pelo formulário deve chegar ao local com, no mínimo, 30 minutos de antecedência. O link também está disponível nas bios do Instagram da @ciadevir e da @arlequinoproducoes.
Após a apresentação, haverá uma roda de diálogo com a plateia sobre a criação e a trajetória da companhia. Tanto o espetáculo quanto o diálogo contarão com acessibilidade em Libras. A classificação indicativa é de 12 anos.
Todas as atividades fazem parte do projeto “Circuito Cardume” da FUNESC e integram o CIRCUITO FUNARTE DE CIRCO CAREQUINHA 2023.
O espetáculo Nove Tentativas de Não Sucumbir, da Cia Devir, propõe uma experiência artística que ultrapassa o mero virtuosismo técnico do circo, transformando o trapézio pendular em um espaço simbólico de resistência, risco e experimentação. Os artistas João Lucas e Vitor Lima exploram, em cena, os limites entre força e fragilidade, técnica e instinto, comicidade e drama, construindo uma metáfora para os desafios da existência e, em especial, para a realidade do artista no Brasil, onde persistir é, diariamente, um ato de resiliência. Nesse movimento de insistir, o espetáculo também aborda a busca por afirmar modos próprios de existir e criar — abraçando as diferenças frente à padronização das identidades e das experiências.
Sob a direção do dramaturgo francês Jean Michel Guy, a obra rompe com visões tradicionais do trapézio, apresentando-o não apenas como aparelho aéreo, mas como território de criação dramatúrgica, poética e política. A encenação articula circo, teatro e dança, costurando diferentes linguagens em um jogo que se equilibra entre quedas, recomeços e tentativas incessantes. Essa dinâmica coloca o público diante de questões universais: a luta por autenticidade, a resistência diante das pressões externas e a necessidade de insistir, mesmo em meio a fracassos e incertezas.
A narrativa se constrói como um mosaico de experiências e sensações, no qual a fala, o riso e a vulnerabilidade se encontram. O humor surge não apenas como alívio, mas também como forma de revelar a precariedade da vida e a beleza contida na persistência. Assim, o espetáculo revela o circo como lugar de discurso, afeto e reinvenção, ampliando sua potência estética e reflexiva.
Nove Tentativas de Não Sucumbir emerge, portanto, como um convite à reflexão sobre a persistência humana: insistir, acreditar e se reinventar diante das quedas. Ao mesmo tempo acessível e profundo, o espetáculo aproxima o público da linguagem circense contemporânea e reafirma a arte como espaço de resistência e esperança, lembrando que, mesmo diante da adversidade, seguimos tentando.
A obra propõe uma inovação no trapézio double, alterando seu uso tradicional ao explorar cordas unidas, diferentes alturas e movimentos, rompendo com os papéis clássicos de portô e volante. Para além da técnica, investe em dimensões cênicas e estéticas, unindo circo, dança e teatro em uma abordagem multidisciplinar. Também se apresenta como manifesto pelo reconhecimento do circo contemporâneo no Brasil, refletindo sobre questões humanas como persistência, identidade e ocupação de espaço. A interpretação se apoia nas experiências pessoais dos artistas, priorizando situações vividas e autênticas.
