Política

Márcia Lucena defende PT protagonista e diz que aliança com Cícero não é ‘saída’ contra o bolsonarismo: “Gestão de direita”


12/05/2023

Márcia Lucena, ex-prefeita do Conde. (Foto: Reprodução)

Portal WSCOM

 

 

A ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena (PT), defendeu nesta sexta-feira (12) que o partido não faça aliança com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), para as próximas eleições e lance candidato próprio para a disputa na capital.

Em uma carta publicada para a imprensa, e que o Portal WSCOM teve acesso, a ex-gestora avalia que o PT não pode se alinhar a uma “gestão de direita”, considerada por ela como “desastrosa em várias políticas”.

Márcia, inclusive, contraria a posição de alguns petistas ao afirmar que não apoia uma aliança com o prefeito mesmo que Cícero mude para um partido progressista, pois teria “as mesmas atitudes e métodos de gestão”.

Por fim, a ex-prefeita afirma que o PT tem se fortalecido a partir da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acredita que o partido precisa demonstrar seu protagonismo na Paraíba, principalmente através do pleito que ocorrerá em João Pessoa.

Leia a carta de Márcia Lucena na íntegra:

Aqui eu falo como cidadã e militante filiada ao Partido dos Trabalhadores – PT. Não tenho autoridade conferida para falar de outro lugar, mas tenho, desse meu lugar de cidadã e militante, voz e vez e aqui vou trazer minhas reflexões. Não no sentido de ir contra ou a favor de um ou de outro – porque entendo que a dualidade, nesse caso, não contribui, mas no sentido de interagir com quem tiver disposição de me escutar com elementos do bom debate, claro, sempre expondo o que penso.

De cara, quero dizer que sou uma pessoa das alianças. Não acredito em nada que se coloque sem debates ou alianças. Essa coisa “puro sangue” não me cheira bem, não é pedagógica, não amplia, não nos faz crescer. Portanto, não sou contra a política de alianças, que isso fique bem claro!

No entanto, o que trago aqui é o meu olhar de liderança e gestora pública que, no caso do que vivemos hoje em João Pessoa, não enxerga a aliança com Cícero, por exemplo, como uma saída a ser construída por nós, mesmo sabendo que essa decisão não é simples e nem de um grupo isolado de dirigentes e militantes.

Primeiro porque é muito cedo para dizer que não temos fôlego, força, condições e, segundo, por acreditar que com uma boa liderança, condução e compromisso teremos condições de fortalecer, de forma surpreendente, o fôlego, a força e as condições que temos hoje.

Passamos por momentos muito difíceis para o partido nos últimos anos, ataques de todos os lados, fakenews, nossas maiores referências vítimas do lawfare que gerou o golpe na Presidenta Dilma, à prisão do presidente Lula e tantos companheiros e companheiras (invisíveis pra nós).

Contudo, ganhamos as eleições para presidente – perdemos no congresso, mas ganhamos a presidência e agora temos o desafio de contribuir com a governabilidade de Lula e o fortalecimento do partido em todo Brasil.

Aqui na Paraíba temos que fazer a nossa parte. João Pessoa é nosso maior colégio eleitoral e não vejo como partirmos para uma campanha que terá dois turnos, dizendo, antes de tudo, NÃO à nós mesmos. Com uma eleição em dois turnos, e um partido como o PT não podemos deixar de ousar em ocupar esse protagonismo, ele pode sim ser nosso.

Compreendo a força que a direita tem em nossa cidade, compreendo o tamanho do desafio que temos pela frente, pois Bolsonaro saiu, mas, infelizmente, as práticas permanecem… pessoas que já eram o que chamamos hoje de bolsonaristas, mesmo antes de se ter notícias da existência desse capitão. Ou seja, a índole política dessas pessoas encontrou no bolsonarismo sua identidade e essa identidade, que não tinha liga, visibilidade, ganhou uma força muito grande a partir de Bolsonaro na presidência do Brasil.

Mas agora, com todos os desafios gigantes que já nos batem à porta, Lula é nosso presidente! E podemos mais hoje do que podíamos nos anos do comando fascista. Essa é a hora de sonhar, desejar, esperançar! As pessoas, de maneira geral, estão desacreditadas da política e dos/as políticos/as e não podemos fazer política sem as pessoas! Sem a paixão das pessoas, sem a participação das pessoas, sem a consciência das pessoas. Portanto, temos responsabilidade com isso! A política é também uma questão pedagógica, de formação cidadã. Precisamos compreender e agir de acordo com isso.

Que fortalecimento significa para o PT e demais partidos de esquerda (ou centro esquerda) se juntar à uma gestão de direita? E pior que isso, desastrosa em várias políticas, como sabemos ser a de Cícero?

Precisamos ousar e trazer a política para o lugar certo, para o que acreditamos!

Mesmo que Cícero mude de partido para justificar essa aliança, continuará tendo as mesmas atitudes e métodos de gestão!

Defendo que trabalhemos na união de forças dentro e fora do partido, para trilharmos de cabeça erguida o caminho mais difícil e mais longo, que seja – o caminho da politica que constrói com verdades, respeito e compromisso! O caminho da boa política.


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