Política

Lula deseja “gestão profícua” a Donald Trump em novo mandato nos EUA

Presidente recebe ministros na Granja do Torto, uma semana após polêmica do PIX e em meio a cobranças por reforma ministerial. Trump toma posse nos EUA nesta segunda.


20/01/2025

Segundo Lula, desejo é que EUA sigam como parceiros históricos do Brasil "porque da nossa parte, nós não queremos briga” (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

WSCOM com g1



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta segunda-feira (20), durante uma reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, que espera uma “gestão profícua” do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump inicia hoje um novo mandato nos EUA.

De acordo com analistas políticos, Trump é frequentemente descrito como representante da “ultradireita” ou “ultraliberal”, posições ideológicas opostas ao governo de Lula. Entre as possíveis mudanças anunciadas por Trump está a revisão da tributação sobre produtos agrícolas importados pelos Estados Unidos, na medida em que possa impactar os níveis dos produtores brasileiros.

“Tem gente que fala que a eleição de Trump pode causar problemas na democracia mundial. O Trump foi eleito para governar os EUA e a UE, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os americanos continuam a ser históricos ao que é do Brasil”, afirmou Lula.

“Da nossa parte, não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a Rússia”, seguiu.

“Nós queremos paz, nós queremos harmonia, nós queremos ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante e não a desavença e não a encrenca, esse é o pais que vamos construir, esse é o pais que assumimos o compromisso de construir, esse pais que temos a obrigação de entregar”, completou.

Especialistas ouvidosafirmam que as diferenças ideológicas entre Lula e Trump até podem impactar em algum grau as relações comerciais entre os dois países – mas que deve prevalecer a relação histórica entre os Estados Unidos e o Brasil.

Lula e Trump não se falaram desde as eleições nos Estados Unidos e permanecem sem ter se falado diretamente até esta semana. Mesmo assim, em rede social, Lula parabenizou Trump pela vitória nas urnas.

Seguindo a praxe americana de não convidar chefes de Estado para a posse, com algumas exceções, o comitê de posse de Trump convidou a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, para a cerimônia do dia 20.

Os Estados Unidos são, atualmente, o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. No entanto, ao longo do Século 20, os norte-americanos ocupavam o topo da lista.

 

Relações entre presidentes

Ao longo dos últimos 30 anos, Brasil e Estados Unidos vivenciaram processos eleitorais que levaram os dois países a serem governados ora por políticos mais à esquerda, ora políticos mais à direita, e até à extrema-direita.

Nesse período, o Brasil foi governado pelos seguintes presidentes: Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e Lula novamente.

E os Estados Unidos, por: Bill Clinton, George Bush, Barack Obama, Donald Trump, Joe Biden e agora novamente por Donald Trump.

Diplomatas dizem que o fato de os presidentes serem próximos ou distantes politicamente não gera efeito automático na relação entre os países.

Lula, por exemplo, costuma dizer que em seus primeiros mandatos mantinha “boa relação” com George Bush – do partido republicano, o mesmo de Trump -, embora os dois tivessem divergências políticas. O presidente tem o hábito de citar como exemplos conversas que teve com Bush sobre a situação política na Venezuela e sobre o conflito no Iraque.

Sucessor de Bush, o democrata Barack Obama, em 2009, durante reunião do G20, entoou uma das frases que ficaram mais conhecidas à época: “Ele é o cara”, disse o então presidente americano a se referir a Lula. “O político mais popular da Terra”, acrescentou.

Por outro lado, embora Dilma e Obama integrassem o mesmo campo político, a relação dos então presidentes ficou estremecida quando documentos revelados pelo site WikiLeaks mostraram que o governo americano espionou a então presidente brasileira e ministros do governo. Diante do que foi revelado, em 2013, Dilma chegou a cancelar a ida que faria a Washington.

Nesse cenário, em 2014, o então vice de Obama, Joe Biden – que viria a assumir a Casa Branca em 2021 -, viajou ao Brasil e se dirigiu ao Palácio do Planalto para se encontrar com Dilma.

Em um episódio mais recente, embora integrante do mesmo campo político de Bolsonaro, o então presidente americano Donald Trump decidiu em 2019 aplicar tarifa sobre o aço brasileiro. A medida, no entanto, foi revertida em 2020.



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