Economia
Lucro da Petrobras dispara e chega a R$ 26,65 bi no segundo trimestre
Resultado supera expectativas, impulsionado por alta na produção e eficiência, apesar da queda no preço do petróleo
08/08/2025

Foto: REUTERS/Sergio Moraes
Lara Ribeiro
No segundo trimestre deste ano a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 26,652 bilhões. Enquanto isso, no segundo trimestre do ano passado o prejuízo foi de R$ 2,605 bilhões, depois de ser impactado por um acordo bilionário firmado com o governo. O qual exigia o encerramento de litígios tributários relacionados ao pagamento de afretamento de embarcações.
No primeiro semestre deste ano a Petrobras ganhou R$ 61,86 bilhões, tendo uma alta em relação aos R$ 21,09 bilhões dos primeiros seis meses de 2024. Além disso, a estatal deverá pagar ainda dividendos de R$ 8,66 bilhões.
A empresa também vai retornar a atuar no setor de distribuição de botijão de gás (GLP). A Petrobras esteve presente nesse segmento com a Liquigás, que foi vendida para a Copagaz em 2021 durante o governo de Jair Bolsonaro.
Após reunião para aprovar os resultados do segundo trimestre, o Conselho de Administração da companhia autorizou a inclusão da volta ao segmento do GLP no Plano Estratégico da companhia.
Nesta quinta-feira (7) o balanço da estatal foi anunciado. A previsão dos bancos era de um ganho médio de R$ 21,8 bilhões entre abril e junho, alguns analistas projetaram lucro de até R$ 27,3 bilhões.
Em comunicado a empresa afirmou que teve uma excelente performance operacional no segundo trimestre, impulsionada pela implementação de novos sistemas de produção e por uma melhoria na eficiência dos campos em operação. Esses fatores permitiram à estatal aumentar o volume de óleo e gás, refletindo positivamente nos resultados financeiros e mitigando os impactos da queda no preço do Brent.
“O lucro líquido, desconsiderando os eventos exclusivos do período, manteve-se no patamar do trimestre anterior, quando operamos com um Brent (tipo de petróleo referência para a Petrobras) 10% maior”, informou o Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, Fernando Melgarejo.
Com a queda média de 20% no preço do petróleo entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período de 2024, a receita de vendas da Petrobras recuou 2,6%, totalizando R$ 119,128 bilhões.
De acordo com analistas, o desempenho foi impactado, em parte, pela desvalorização do petróleo tipo Brent. Relatório da XP aponta que o barril registrou preço médio de US$ 67 entre abril e junho, 12% abaixo dos US$ 76 do primeiro trimestre. Ainda assim, a corretora ressalta que o aumento da produção ajudou a reduzir as perdas.
Além da queda no preço do petróleo, a Petrobras destacou o aumento das despesas operacionais, principalmente devido aos custos relacionados ao Acordo de Individualização da Produção da Jazida Compartilhada de Jubarte, na Bacia de Campos, litoral do Espírito Santo, que totalizaram R$ 3,849 bilhões. A empresa também registrou um impairment, espécie de depreciação, de ativos e investimentos no valor de R$ 1,041 bilhão. Por outro lado, a companhia apontou ganhos de R$ 11,965 bilhões provenientes da variação cambial.
A dívida bruta da Petrobras somava US$ 68,1 bilhões em 30 de junho de 2025, um aumento de 5,5% em relação a 31 de março. Captações realizadas no segundo semestre ajudaram a impulsionar o avanço da empresa, que totalizaram US$ 2,6 bilhões. Houve ainda o reconhecimento de US$ 1,1 bilhão na dívida com o início da operação do FPSO afretado Alexandre de Gusmão (Mero 4).
No segundo trimestre a geração da caixa medida pelo Ebitda, ganhos antes de juros, tributos, depreciação e amortização,ficou em US$ 10,2 bilhões. Com um lucro líquido sem eventos exclusivos de US$ 4,1 bilhões.
Na semana passada, a Petrobras divulgou que sua produção média comercial de óleo e gás natural no segundo trimestre de 2025 foi de 2,546 milhões de barris diários, representando um aumento de 5,4% em relação ao primeiro trimestre do ano e de 8,1% na comparação com o mesmo período de 2024.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela aceleração da produção de cinco navios-plataformas do tipo FPSO (unidades flutuantes de produção, armazenamento e descarga), além da entrada em operação de novos poços nas principais bacias petrolíferas do país, Campos e Santos, no pré-sal.
Entre abril e junho, a Petrobras colocou em operação 14 novos poços produtores no pré-sal, conhecidos pela alta produtividade. Sete desses poços ficam na Bacia de Campos e os outros sete na Bacia de Santos, dentro da estratégia da empresa de revitalizar ativos e ampliar a produção na região do pré-sal.
No segundo trimestre, as vendas de derivados da Petrobras atingiram 1,714 milhão de barris por dia, com crescimento de 1% em relação ao trimestre anterior e 0,8% sobre o mesmo período de 2024. Houve avanço nas vendas de gasolina (+3,1%), querosene de aviação (+5,7%) e diesel (+0,6%).
O preço médio dos derivados caiu 1,3% em relação ao ano anterior, ficando em R$ 469,89.
As importações de diesel cresceram significativamente (229,7% em relação ao segundo trimestre de 2024), impulsionadas pela preparação para o aumento da demanda no segundo semestre, especialmente no transporte agrícola. A Petrobras não importa diesel da Rússia. Essas importações são feitas por terceiros para suprir cerca de 18% da demanda nacional, já que o Brasil não é autossuficiente em derivados.
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