A Justiça da Paraíba retoma nesta sexta-feira (12) a audiência de instrução do processo que investiga desvios de recursos no Hospital Padre Zé, em João Pessoa. O ex-diretor da instituição, Padre Egídio de Carvalho Neto, a ex-diretora Jannyne Dantas Miranda e Silva e a ex-tesoureira Amanda Duarte da Silva Dantas são réus no caso, acusados de desviar mais de R$ 140 milhões. A audiência, originalmente marcada para 13 de junho, foi adiada após os advogados de Jannyne e Amanda alegarem que só tiveram acesso aos arquivos das investigações um dia antes, necessitando de mais tempo para preparar a defesa.

Os ilícitos investigados envolvem o desvio de verbas destinadas a programas sociais essenciais, como a distribuição de refeições a moradores de rua, amparo a famílias refugiadas, apoio a pacientes em pós-alta hospitalar, realização de cursos profissionalizantes, preparação de alunos para o ENEM e cuidados a pacientes com AIDS. O impacto dos desvios afetou gravemente o atendimento às populações carentes atendidas pelo Hospital Padre Zé.

A operação “Indignus”, deflagrada em outubro do ano passado, contou com a participação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público da Paraíba (Gaeco/MPPB), da Polícia Civil, da Secretaria de Segurança e Defesa Social, da Secretaria da Fazenda e da Controladoria-Geral do Estado. A investigação teve início após o furto de mais de 100 celulares doados ao hospital pela Receita Federal, cuja venda beneficiaria a instituição. Denúncias anônimas posteriores revelaram um esquema mais amplo de desvio de verbas.

A audiência desta sexta-feira será realizada virtualmente, com a participação dos réus. Amanda Duarte está em prisão domiciliar desde abril, utilizando tornozeleira eletrônica. Padre Egídio também obteve esse benefício devido a complicações de saúde comprovadas por laudos médicos. Jannyne Dantas aguarda a decisão sobre a possibilidade de enfrentar o processo em liberdade.