Economia
Inadimplência sobe e atinge maior nível desde setembro de 2023, aponta CNC
Com juros altos e prazos menores, mais famílias enfrentam dificuldades para pagar dívidas, segundo pesquisa da CNC
08/08/2025

Foto: Reprodução
Lara Ribeiro
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (7), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias brasileiras com dívidas ou contas em atraso aumentou no mês de julho, com taxa básica de juros em 15% ao ano. A inadimplência chegou a 30,2% da população brasileiro, maior nível desde setembro de 2023.
Juntamente com o aumento no número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o índice subiu 0,5 ponto percentual no mês passado.
Além disso, o endividamento ficou praticamente estável, em 78,5%, com o avanço de 0,1 ponto percentual em relação ao mês passado. Já a redução no prazo para pagamento das dívidas continuou pelo sétimo mês seguido. As dívidas com mais de um ano chegaram a 31,5%.
Por outro lado, o comprometimento no curto prazo cresceu. O público que têm passado por maiores dificuldades são as famílias de renda média e baixa, e o público feminino.
O cartão de crédito segue como o principal meio de endividamento (84,5%), enquanto os carnês continuam ganhando espaço (16,8%), sendo a segunda modalidade mais utilizada.
Em julho, 12,7% das famílias endividadas declararam não ter condições de pagar suas dívidas, alta de 0,2 ponto percentual em relação a junho (12,5%), segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se do maior percentual desde dezembro de 2024.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o aumento do número de famílias sem capacidade de pagamento, aliado à estabilidade do endividamento, mostra que os brasileiros chegaram ao limite para assumir novas dívidas.
É importante destacar que endividamento e inadimplência não são a mesma coisa. Uma pessoa endividada é aquela que possui compromissos financeiros, como empréstimos ou parcelamentos. Já o inadimplente é quem não consegue quitar esses compromissos dentro do prazo. Assim, é possível estar endividado e manter os pagamentos em dia, a inadimplência ocorre quando há atraso nessas obrigações.
Com os juros elevados, os consumidores têm recebido prazos menores para quitar suas dívidas, decisão que parte principalmente das instituições de crédito. Como resultado, o percentual de famílias com compromissos superiores a um ano caiu pelo sétimo mês consecutivo, chegando a 31,5%, o menor índice desde fevereiro de 2024 (30,9%).
Esse movimento fez crescer a participação das dívidas com prazo de até seis meses, indicando que o endividamento está cada vez mais concentrado no curto prazo. Para a CNC, a redução dos prazos reflete um uso mais defensivo do crédito, o que demanda atenção das autoridades para evitar uma possível estagnação no comércio e nos serviços.
Apesar da queda no número de dívidas de longo prazo, o período de inadimplência segue elevado: em julho, 47,5% dos inadimplentes tinham contas atrasadas há mais de 90 dias.
Por outro lado, alguns indicadores mostram melhora. O percentual de famílias que comprometem mais da metade da renda com dívidas passou de 19,2% para 18,9% no mês, e o comprometimento médio da renda familiar recuou para 29,4%.
A CNC idealiza que o endividamento deve começar a diminuir nos próximos meses, apesar dos indicadores elevados. A ideia é que a combinação de juros elevados e o aumento da inadimplência leve as famílias a ter um comportamento mais cauteloso com o crédito.
A previsão é que em 2025 terminará com endividamento de 1,1 ponto percentual acima e inadimplência 1,4 ponto percentual maior em comparação ao fim de 2024, segundo a entidade.
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