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Governador do Ceará afasta 167 policiais por participação em motim no Estado
22/02/2020
G1
O governo do Ceará afastou 167 policiais militares que participam da paralisação no Ceará. O afastamento por 120 dias e a abertura de processos disciplinares foram divulgados no Diário Oficial do Estado. Os agentes sairão da folha de pagamento a partir deste mês de fevereiro. O motim dos PMs chegou ao quinto dia neste sábado (22), com pelo menos sete batalhões fechados.
Desde terça-feira (18), policiais pararam as atividades no estado, e homens encapuzados invadiram quartéis, depredaram e esvaziaram pneus de veículos da polícia em protesto contra a proposta de reajuste da categoria apresentada pelo governo. Em meio à paralisação dos agentes, 88 assassinatos já foram registrados no Ceará em apenas três dias.
Inicialmente, o governo havia anunciado 168 afastamentos, mas retirou da lista de policiais envolvidos o nome de um agente que não participa da paralisação.
Os 167 investigados deverão entregar identificações funcionais, distintivos, armas, algemas e outros elementos que os caracterizem nas suas unidades.
A abertura de processos disciplinares contra os militares afastados ocorrerá de duas formas. A primeira envolve os inquéritos militares, cujo julgamento acontecerá na Justiça Militar. O segundo consiste no procedimento administrativo disciplinar realizado pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD).
Como exemplo, já constam no Diário Oficial os nomes de 11 policiais militares locados na cidade de Iguatu, Centro-Sul do estado, para responderem a procedimentos administrativos disciplinares (Conselho de Disciplina) que vão apurar possíveis irregularidades funcionais praticadas. Segundo a publicação, os agentes abandonaram as viaturas na porta do quartel da cidade no dia do início das manifestações.
Homicídios
Durante a crise na segurança pública, o Ceará já registrou 88 assassinatos. O número se refere ao período entre a meia noite de quarta-feira (19) e 23h59 de sexta-feira (21). Destas, 37 mortes foram contabilizadas em um intervalo de 24 horas, em Fortaleza e na região metropolitana, que estão sendo patrulhadas por tropas do Exército.
A onda de violência continua apesar dos reforços na segurança com a presença de 2,5 mil soldados do Exército Brasileiro, dentro da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada pelo presidente Jair Bolsonaro para o Ceará, além de 150 agentes da Força Nacional que já estão no Estado para conter a crise na segurança pública após o motim de parte dos policiais militares.
Batalhões seguem ocupados
Batalhões da Polícia Militar seguem ocupados em várias regiões do estado. Pelo menos sete unidades estavam bloqueadas até a manhã deste sábado (22). Na noite de sexta-feira (21), um carro da polícia foi alvo de tiros.
Em Fortaleza, um dos primeiros a registrar motim, o 18º Batalhão da Polícia Militar, no Bairro Antônio Bezerra, está rodeado de carros da polícia com pneus esvaziados nesta manhã, e há policiais e familiares ocupando a unidade. No 16° Batalhão, no Bairro Messejana, a unidade segue fechada e cerca de 23 veículos estavam paradas no pátio. O 17º Batalhão, no Bairro Conjunto Ceará, segue com carros da polícia fazendo o bloqueio de duas entradas.
Na Grande Fortaleza, o 12º Batalhão, na cidade de Caucaia, tem cerca de 30 carros da corporação parados e movimentação de policiais paralisados nas ruas. No 14° Batalhão, localizado em Maracanaú, veículos permaneciam ao redor da unidade com pneus furados ou secos.
Na cidade de Sobral, na região norte do estado, a base da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) e do Batalhão de Policiamento de Rondas Intensivas e Ostensivas (BPRaio) segue com homens encapuzados amotinados. No município de Iguatu, 18 carros da polícia estão parados bloqueando a entrada do 10º batalhão da PM.
Em Juazeiro do Norte, na região do Cariri do Ceará, PMs do 2º Batalhão se concentram no estacionamento do Vapt-Vupt da cidade.
Outros 150 agentes da Força Nacional devem chegar ao Ceará neste fim de semana, segundo o comandante de 10ª região militar, Fernando da Cunha Mattos. As Forças Armadas atuam, principalmente, no patrulhamento em cidades da Região Metropolitana de Fortaleza desde a manhã desta sexta, e o envio para o interior vai depender da necessidade, segundo o Exército.
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