Cultura

Exposição Cores Nativas: a expressão artística da flora paraibana estreia nesta quinta, 22

Plantas medicinais do litoral e agreste foram matéria-prima para tintas utilizadas em quadros e cerâmicas que serão expostos no Centro Cultural São Francisco


20/08/2024

(Foto: Divulgação)

Portal WSCOM



O projeto Cores Nativas – a expressão artística da flora paraibana é uma exposição construída com artes em tecido, quadros e cerâmicas pintados com tintas naturais extraídas de plantas do agreste e litoral paraibano. A visitação, que é gratuita, inaugura dia 22 de agosto e vai até 22 de setembro, no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa.

Cores Nativas revela um processo de pesquisa e experimentações que iniciou ainda em fevereiro. As idealizadoras do projeto Lola Pinto e Lu Azevedo realizaram visitas técnicas na cidade de Barra de Santa Rosa e Baía da Traição, onde coletaram cascas de plantas de diversos tipos por meio do manejo sustentável. Ainda nos territórios, elas entrevistaram agricultores agroecológicos locais para conhecer melhor a vegetação da região.

Lu Azevedo, que trabalha com plantas e tingimento natural há 15 anos, explicou como se dá o processo da coleta até a feitura da tinta. “A pesquisa se inicia na medicina popular. A gente percebeu que as plantas medicinais têm cores muito marcantes e passamos a ficar atentas a elas, perguntando como as pessoas daquele local conhecem e utilizam tais plantas, se são cicatrizantes, anti-inflamatórias etc. Depois vem o processo de extração de corantes e a transformação deles em pigmentos com produtos complementares que vão gerar essa capacidade da planta se fixar”, explanou.

No ateliê, as artistas realizaram uma combinação de testes e experimentos, escolhendo algumas das tintas vegetais como base de tons para a produção artística que será exposta. Alguns exemplos foram as tintas provenientes do cajueiro, cocão, curpuna, barbatimão, quina, aroeira, jucá e jurema. Para Lu Azevedo, esse foi o seu principal desafio de pesquisa e experimentação no projeto. “Quimicamente, no produzir as tintas, a gente precisa evoluir muito do tingimento de estamparia para chegar a atender tintas que sejam adequadas nos demais suportes que pretendíamos utilizar para a exposição”, disse a tintureira natural.

Segundo Lola Pinto, que foi responsável pela construção artística com as novas tintas, o pigmento natural surpreende na variedade. “Algumas tintas ficaram ótimas para aquarelas, outras para tecidos, telas, chegando àquelas mais consistentes para cerâmicas e paredes. Era isso que queríamos atingir quando pensamos o projeto Cores Nativas unindo as nossas expertises”, destacou Lola.

Quem constrói a exposição

A exposição foi concebida por duas artistas brasilienses que escolheram a Paraíba para fazer morada. Cores Nativas, além exaltar os tons da natureza paraibana com as tintas vegetais, também apresenta a confluência das idealizadoras: a alquimia dos corantes vegetais de Lu Azevedo com a identidade marcante do traço de Lola Pinto.

Lu trabalha com moda e artesanato desde a faculdade. Fez mestrado na área na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, e depois passou a morar em João Pessoa, onde tem sua marca autoral como artesã textil. Lola é artista plástica e ilustradora. Já foi professora de artes para estudantes do ensino fundamental e adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas. Se especializou em pintura na Escola de Belas Artes de Bordeaux, na França, e hoje trabalha de maneira independente, pintando murais, telas, filtros de barro e outros diversos suportes.

A exposição “Cores Nativas – a expressão artística da flora paraibana” será apresentada a partir do dia 22 de agosto, no Centro Cultural São Francisco. Esta ação foi selecionada pelo programa ICMS CULTURAL, iniciativa do Governo da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).



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