Paraíba

Estudo da UFPB aponta Campina Grande e Patos como os novos epicentros da Covid-19 no Estado

A cidade de Guarabira, no Brejo do Estado, também apresentou um crescimento alarmante, com 131 casos confirmados até às 18h dessa sexta


16/05/2020

Na imagem a cidade de Patos, no Sertão do Estado

Edney Oliveira / Portal WSCOM

Um novo estudo sobre análises e estatísticas do Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional (LABIMEC), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), divulgado neste sábado (16), relativo aos efeitos da Covid-19 no Estado, apontam que o Agreste e Sertão paraibano são os novos “epicentros” da doença. O levantamento de dados mostra ainda que o uso massivo de testes rápidos feitos na última semana aproximam os dados divulgados pela Secretária de Estado da Saúde (SES-PB) da realidade enfrentada pelas autoridades de saúde.

De acordo com a SES, a Paraíba atingiu o número de 3.739 casos confirmados da Covid -19 nesta sexta-feira (15), com 170 óbitos. Destes, 1.069 já se recuperaram da doença e outros 4.480 casos investigados já foram descartados por meio desses testes. Dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos ativados em todo o Estado, 62% estão ocupados.

Novo epicentro da doença

Segundo aponta o estudo do LABIMEC, na Paraíba, levando em conta dados da última quinta-feira (14), 125 dos 223 municípios já registraram ao menos um caso do novo coronavírus, o que representa 56,1%. Deve-se atentar que os novos casos no Estado, antes concentrados em João Pessoa, agora passaram a acontecer em cidades do Agreste, Brejo e Sertão. Dessa forma, percebe-se que há um processo de interiorização do vírus, com destaque para as cidades: Campina Grande (160) Guarabira (120) e Patos (174).

Essas cidades, se somadas a João Pessoa (1478), Cabedelo (189) e Santa Rita (288), na região metropolitana da Capital, representam quase 70% dos casos em toda a Paraíba.

Estudo aponta que o Agreste, Brejo e Sertão são os novos epicentros da doença, levando em conta o levantamento de dados feitos na última semana

 

Uso massivo de testes e números perto da realidade

Na quinta-feira, dia 07 de maio, a Paraíba apresentava 1849 casos confirmados da Covid-19, com 111 óbitos e 490 casos recuperados. Quando comparados aos dados do dia 15 de maio, exatamente uma semana depois, observa-se um aumento de 1512 casos confirmados (variação de 81,7%), acréscimo de 49 óbitos (variação de 44,4%) e uma ampliação de 241 casos recuperados (variação de 49,2%).

Assim como apontam os dados, a mortalidade reduziu no decorrer da semana, o que indica que o aumento de testagens pelo Estado pode tá fazendo com que o número de confirmados se aproxime do seu valor verdadeiro, segundo levantamento do Labimec. Na semana passada, a Paraíba tinha 6% de mortalidade, ante os 4,8% dessa semana. Os recuperados, mesmo com o aumento absoluto de casos, representa um menor percentual do que representavam no dia 07 de maio.

Imagem ilustrativa – Estudo aponta que o uso massivo de testes demonstra que os números no Estado estão perto da realidade quanto aos casos da doença

 

Análise Perfil dos Óbitos

Um perfil foi construído a partir dos dados dos óbitos do coronavírus no Estado para o dia 12 de Maio e a partir dele foi possível verificar que 62,6% das vítimas tinham mais de 60 anos e 74,2% tinham pelo menos 1 comorbidade, ou seja, 3 em cada 4 óbitos tinham pelo menos 1 (ou várias) comorbidades.

As vítimas estão distribuída em 37,4% mulheres e 62,6% em homens. A média de idade manteve-se em 64 anos, mesmo patamar da semana passada.

Em relação as comorbidades mais comuns, destacam-se em ordem decrescente: hipertensão (29,7%), diabetes (29%), cardíacos (20,6%) e fumantes (3,2%). O tempo médio de início de sintomas teve um aumento, passando a ser 11 dias, dentro do observado em outros países.

Imagem ilustrativa – Para China, que é a baseline, é de 13 dias.

 

Lojas e Ambientes de Recreação

Analisando as curvas de mobilidade comunitária em lojas e ambientes de recreação, o estudo aponta um baixo nível de movimentação nesse setor no dia 01/05/2020, decorrente do feriado do dia do trabalhador, após essa data percebe-se algumas variações mais bruscas (positivas e negativas) até o dia 03/05/2020, quando a mobilidade comunitária no setor aumenta de forma expressiva e irá se manter alta no decorrer dos dias, o que é preocupante para o sistema de saúde do Estado da Paraíba. No primeiro dia da amostra a mobilidade social nesse setor era de -77% e no último dia foi de -62%, representando uma redução redução no isolamento social.

Mercados e Farmácias

Olhando para o setor de “Mercados e Farmácias”, percebe-se ainda que no dia 03/05/2020 a curva de mobilidade do setor começa a crescer bruscamente, em decorrência do pagamento de salários e o anúncio de medidas mais rígidas de isolamento. No primeiro dia da amostra o índice de mobilidade no setor era de -33% no último dia da amostra este índice foi de 3%, representando uma redução no isolamento social.

Parques

A curva do setor “parques” que vinha crescendo de forma expressiva, foi achatada graças a políticas públicas, como o fechamento das praias, do calçadão da orla e de parques, política foi adotada pela prefeitura de João Pessoa. No início da amostra o índice de mobilidade do setor era -61%, passando para -65% no final da amostra, representando um aumento no isolamento social.

Vias de Trânsito

No setor “Vias de trânsito” o crescimento da mobilidade comunitária vem se acentuando rapidamente, o que é muito preocupante em tempos de crise sanitária. Esta curva reflete a maior circulação de pessoas e as razões desse fato são as mesmas já descritas anteriormente. no início da amostra o índice de mobilidade era de -65%, já no fim da amostra este índice foi de -47%, representando uma redução no isolamento social.

Ambientes de Trabalho

Em “Ambientes de Trabalho”, percebe-se que após o feriado do dia do trabalhador os níveis de mobilidade comunitária no setor se tornaram bem altos, ou seja, a política de isolamento social vem tendo poucos efeitos sobre este setor. No início da amostra o índice de isolamento social era de -59% e no final da amostra foi de -24%, representando uma redução no isolamento social.

Residências

Quando falamos em permanecimento das pessoas em suas respectivas residências e, portanto, cumprimento efetivo da política de isolamento social, percebe-se que esta política vem sendo cada vez mais descumprida. Os índices se mostram cada vez mais baixos em relação a permanência em residências.. No início da amostra o índice era de 21%, já no fim da amostra este se mostrou em 14%.

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