Política

Em visita à PB, viúva de Marielle Franco se posiciona contra federalização do caso: Não dá para confiar em um governo como esse”


13/02/2020

Ativista concedeu entrevista coletiva à imprensa local

Por Ângelo Medeiros

Em cumprimento de agenda em João Pessoa, a partir desta quinta-feira (13) e até o próximo domingo (16), a ativista pelo movimento feminista e direitos humanos, Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, concedeu entrevista coletiva na tarde de hoje, na sede do Bloco Solfolia Antifascista, no Beco Malagrida, organizado pelo PSOL. Na oportunidade, ela falou sobre o rumo das investigações sobre a morte da ex-vereadora do Rio de Janeiro e de seu motorista, Anderson Gomes, há um ano e dez meses.

“O que temos até o momento sobre as investigações são que os dois acusados, os dois executores [os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz], tanto o motorista quanto o atirador estão presos, e devem ser levados a julgamento, e a expectativa é que ainda aconteça esse ano. Mas, a pergunta mais importante é ‘quem mandou matar Marielle?’, ‘quais foram as motivações desse crime?’ Essas questões o Estado brasileiro ainda não conseguiu responder”, frisou.

A militante ainda afirmou que é contra a retirada das investigações do Caso Marielle e Anderson Gomes da Justiça Estadual do Rio Janeiro para a Justiça Federal. Segundo ela, a família teme a forma como o Governo Jair Bolsonaro poderá influenciar sobre o andamento do inquérito.

“Para justificar a federalização nesse momento, teria que ser necessário que o Ministério Público do Rio de Janeiro estivesse apresentando uma clara e evidente apatia no âmbito das investigações, ou a Polícia Civil estivesse obstruindo de alguma maneira a investigação, e, isso não tem acontecido. O MP tem apresentado um bom trabalho, a Polícia Civil também. É muito complicado falar em federalização quando a gente está em um governo como esse. Então, estaria falando que a investigação do Caso Marielle estaria aos cuidados do Ministério Público Federal, que está em cargo desse governo que, enfim, não acho confiável”, comentou.

Por fim, Mônica Benício afirmou que não temia algum tipo de retaliação por parte das milícias cariocas ou de outros meios, em decorrência da luta incessante por Justiça. “Não existe sentimento de medo nessa busca por Justiça por Marielle e Anderson, e acho que qualquer pessoa na sociedade brasileira que esteja preocupada com o Estado Democrático de Direito, que queira falar de um Brasil que tenha democracia, deve estar preocupado com a resposta de quem foi que mandou matar Marielle”, concluiu.

A ativista participará nesta sexta-feira (14) de um debate na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com o tema “Quem mandou matar Marielle”.



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