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Em editorial, jornais acusam ‘golpe estatístico’ do governo Bolsonaro; confira


08/06/2020

Imagem ilustrativa - Imagem da fachada do Prédio do Ministério da Saúde em Brasília

Brasil 247



Comandado por militares, o Ministério da Saúde começou a mudar o número de infectados e mortos por causa do novo coronavírus divulgados pelo governo. A atitude de ‘sonegação de dados’ tem sido reprovada por setores de mídia no Brasil.

Em editorial publicado nesta segunda-feira (8) o jornal Folha condenou a atitude.”Ao mandar sonegar ao público dados completos sobre mortes e casos do coronavírus, Jair Bolsonaro deu fim ao pouco que restava de seriedade na forma com que seu arremedo de governo trata a epidemia hoje fora de controle”, diz.

“Há precedentes infelizes. Na década de 1980, a ditadura ergueu cortina de fumaça em torno de uma epidemia de meningite, por meio de censura à imprensa. A carência de informações precisas agravou o surto ao favorecer descuido e, assim, mortes evitáveis”, lembra o jornal.

“Jair Bolsonaro já incitava abertamente atitudes que espalham o flagelo da Covid-19. Em raro lampejo, pressente agora que o descaso cruel lhe impõe prejuízo eleitoral e teve o único reflexo de que é capaz: voltar as costas para o mundo, a verdade e a decência”, finaliza o editorial.

O jornal O Globo, da família Marinho, também condena, em editorial, a tentativa do governo Bolsonaro de manipular os dados do coronavírus. “O Brasil está se tornando uma espécie de pária pelo comportamento de seu presidente e pelo desastroso gerenciamento da crise. Ocultar ou manipular dados sobre a Covid é ato de extrema gravidade. Governos precisam desses números para planejar o combate à doença, e a sociedade tem todo o direito de ser informada sobre a pandemia”, aponta o texto.

“Felizmente, as instituições estão funcionando, e tentativas de manipulação não deverão surtir efeito. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o corpo técnico da Casa poderia tabular os números junto às secretarias estaduais de Saúde. O TCU também sinalizou que faria o mesmo”, afirma o editorialista.

“Não há como escapar da realidade. Com mais de 37 mil mortos, e sem ter atingido ainda o pico da epidemia, o Brasil já é o terceiro país com maior número de óbitos, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido. A cada minuto, morre um brasileiro vítima do novo coronavírus. Esconder esses números não fará desaparecer o letal Sars-CoV-2”, finaliza o jornal.


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