O depósito de quase metade do salário nas compras mensais em supermercados é a realidade de milhões de brasileiros. Esse cenário tem um peso ainda maior quando o consumidor sobrevive apenas com um salário mínimo – atualmente em R$ 1518. Por outro lado, o preço dos alimentos no país estão em queda constante, mas o brasileiro não sente exatamente essa mudança no cotidiano.
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Em outubro deste ano, por exemplo, o preço dos alimentos diminuiu pela quarta vez seguida. Somado a isso, a cesta básica também reduziu o valor na maioria das capitais brasileiras, com destaque para João Pessoa, que teve o quarto menor preço (R$ 597,66) entre as demais.
Ainda que todos esses avanços tenham marcado momentos positivos para a economia nacional, na prática, a população não consegue percebê-los. Em novembro, a pesquisa Genial/Quaest afirmou que 58% dos consumidores acreditavam que havia tido um aumento nos preços dos alimentos em comparação ao mês anterior.
Para a cientista social do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Mayara Dantas, essa disparidade ocorre devido ao poder de compra dos brasileiros que, na maioria dos casos, não acompanha a variação de preços.
“Se a renda não acompanha o aumento geral de preços, perde-se o poder de compra para o nível de consumo de todo orçamento. E isso significa queda, né, da propensão marginal a consumir ou da capacidade geral de consumo […] Nós só sentimos ou temos o fator psicológico de perda de consumo, se a elevação da renda é inferior ao crescimento da inflação”, destacou.
Somado a isso, o consumidor também não se retém apenas aos alimentos básicos, há outros itens como limpeza, higiene e outras categorias que compõem a lista de compras.
“Todos nós temos um orçamento que é composto de uma cesta de consumo e a maioria de nós tem os mesmos componentes. O que muda é que algumas pessoas valorizam mais alguns itens que outras. E lógico, se um produto aumenta de preço e este está presente na cesta de consumo, esse aumento é percebido imediatamente”, continuou a socióloga.
A pesquisa Quaest também apontou que, além dos 58% que acreditam que os preços aumentaram, 23% acham que não houve mudança e apenas 17% acreditam que os valores diminuíram. Os dados demonstram que a desigualdade social está elevada, além de comprovar o distanciamento das pessoas inseridas em classes mais baixas dos avanços econômicos alcançados pelo país.

