Lula prevê corte na Selic e reitera “100% de confiança” em Galípolo

Lula prevê queda de juros, defende o fim da escala 6x1 e reforça confiança em Galípolo, apesar de voltar a criticar a autonomia do BC.

(Foto: Reprodução)

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a queda da taxa básica de juros já está se aproximando. O chefe do Executivo também afirmou que tem “100% de confiança” no presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. No entanto, as falas do presidente não se contiveram aos elogios, Lula também voltou a criticar o atual modelo de independência do BC e declarou que o governo eleito deveria ter o direito de escolher o comando da autoridade monetária.

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As declarações foram feitas durante entrevista coletiva concedida pelo presidente no Palácio do Planalto. Na mesma ocasião, Lula abordou ainda a possibilidade de redução da jornada de trabalho no país, afirmando que a economia brasileira já reúne condições para superar a escala 6×1.

Segundo o presidente, não há justificativa social ou econômica para impedir o avanço do debate sobre a diminuição da carga horária semanal. “Acho que o país e a economia estão prontos para o fim da escala 6×1. Não existe um único argumento que possa dizer que a sociedade brasileira não está pronta”, afirmou.

Lula lembrou que a discussão sobre redução da jornada já estava presente nos anos 1980 e destacou os ganhos de produtividade acumulados desde então. “Se nos 80 a gente já queria reduzir a jornada de trabalho, e já fazem 45 anos, a gente tem que medir os avanços tecnológicos desses 45 anos”, disse.

Para o presidente, a redução da jornada pode melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. “Por que não reduz a jornada para o trabalhador ficar mais tempo em casa, cuidar melhor da família, estudar um pouco mais?”, questionou. Lula, no entanto, afirmou que não pretende apresentar um projeto de lei por iniciativa exclusiva do Executivo. “Eu não quero tomar a iniciativa e mandar um projeto de lei do governo. Preciso ser provocado”, declarou.

Ele relatou que já orientou lideranças sindicais a organizar o debate e formalizar propostas. “Já pedi para os dirigentes sindicais: vão para a porta da fábrica, façam a proposta e tragam para mim. Vai no Conselhão, faça a proposta, porque quando eu tiver a proposta eu mandarei para o Congresso”, afirmou. Na avaliação do presidente, os setores produtivos têm condições de absorver a mudança. “Acho que o comércio está preparado, a indústria está preparada, e os avanços tecnológicos permitem que a gente faça a redução da jornada de trabalho”, acrescentou.

Ao comentar a política monetária, Lula voltou a expor sua posição crítica à independência do Banco Central. “Eu tenho 100% de confiança no companheiro Galípolo. Nunca fui favorável à independência do Banco Central”, afirmou. Para ele, o modelo atual limita a capacidade de ação do governo eleito. “Acho que o presidente da República indica presidente do Banco Central e troca quando quiser. Você coloca e não dá certo, você tira”, disse.

Lula argumentou que a permanência do presidente do Banco Central para além do mandato presidencial não é adequada. “O que não dá é do jeito que está: eu indiquei um presidente do Banco Central e ele vai ficar dois anos no outro governo se a gente perder as eleições. Acho que não é correto”, afirmou. Segundo o presidente, “o governo que entra tem o direito de indicar o presidente do Banco Central, na expectativa de que ele seja melhor presidente do Banco Central possível”.

Apesar das críticas institucionais, Lula disse que não pretende interferir nas decisões da autoridade monetária. “Da mesma forma que a gente sente cheiro de chuva, estou sentindo cheiro de que logo a taxa de juros vai começar a baixa”, afirmou. Em seguida, ressaltou os limites de sua atuação. “Agora, o Banco Central tem autonomia, é importante lembrar. Jamais eu farei pressão para que o Galípolo tome a atitude que tiver que tomar. É ele quem tem que tomar a decisão”, declarou.

O presidente concluiu dizendo esperar convergência de avaliação com o comando do Banco Central. “Eu espero que ele esteja cheirando o mesmo ar que eu estou. Se ele fizer isso será bom para ele, para mim, para o Brasil, para a indústria, para o desemprego, para o salário e para todo mundo”, afirmou.

Crédito: Brasil 247

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