A diferença de valores entre o que o consumidor paga no balcão e o que encontra no iFood, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na Paraíba, acontece porque as taxas cobradas pelas plataformas são tão altas que obrigam os estabelecimentos a reajustarem os preços dentro do aplicativo. Para a entidade, não se trata de abuso, mas de uma estratégia de sobrevivência em um cenário de custos crescentes.
As margens de lucro de pequenos e médios restaurantes já são naturalmente apertadas, variando entre 8% e 12%. Diante de comissões que podem ultrapassar 27% ou até chegar perto de 40% em situações que envolvem campanhas obrigatórias e taxas extras, muitos negócios não conseguem manter os mesmos preços praticados no salão, afirma a Abrasel-PB.
O repasse ao consumidor, portanto, não apenas ocorre como se tornou essencial para manter as portas abertas, pagar salários e honrar compromissos com fornecedores e impostos. A associação lembra que empresas de diversos setores aumentam preços quando enfrentam aumento de custos, e o delivery segue a mesma lógica.
A percepção do público também tem mudado. De acordo com a Abrasel, o consumidor está cada vez mais consciente do papel das plataformas como intermediárias e do custo elevado desse serviço para os restaurantes. A entidade compara essa dinâmica com outros mercados, como o de passagens aéreas, hotéis e transportes por aplicativo, onde cada canal opera com sua própria política comercial e, consequentemente, com preços distintos.
A presença nos aplicativos, no entanto, traz vantagens e desvantagens. Entre os ganhos, estão o maior alcance, a facilidade de ser encontrado pelos clientes e a possibilidade de iniciar operações de forma simplificada. Por outro lado, os restaurantes perdem margem de lucro, autonomia sobre promoções e relacionamento direto com o consumidor, além de ficarem mais vulneráveis à dependência de uma única plataforma. Para a Abrasel, essa dependência excessiva é “extremamente arriscada”.
Sobrevivência sem repassar o valor das taxas, segundo a entidade, não é possível. Manter preços iguais aos do salão significaria trabalhar no prejuízo, o que pode resultar no fechamento de negócios e impactar o emprego e a arrecadação local. Por isso, a orientação é buscar equilíbrio: parte das vendas via aplicativos e parte por canais próprios, como WhatsApp, telefone ou sites diretos.
Para os consumidores que desejam economizar, e ao mesmo tempo apoiar os pequenos negócios, a Abrasel sugere algumas alternativas: consultar o restaurante diretamente antes de fazer o pedido, optar por retirar o alimento no local para evitar taxas de entrega, dar preferência a canais diretos e acompanhar promoções oferecidas fora dos apps, que tendem a ser mais flexíveis.
