Mercado de previsão dispara e Kalshi dobra valuation ao captar US$ 1 bilhão

Empresa atinge valor de US$ 11 bilhões após terceira rodada no ano e reforça corrida bilionária no setor em meio a competição acirrada e pressão regulatória

Foto: Reprodução

A crescente popularidade dos mercados de previsão impulsionou uma das maiores plataformas do setor, a Kalshi, a alcançar um novo patamar financeiro. Apenas semanas depois de levantar recursos avaliados em US$ 5 bilhões, a companhia voltou ao mercado e mais do que dobrou sua avaliação.

Nesta terça-feira (2), a Kalshi anunciou a captação de US$ 1 bilhão, elevando o valuation para US$ 11 bilhões na terceira rodada de investimentos realizada em 2025. O aporte foi liderado pela gestora Paradigm, já acionista da empresa, e contou ainda com nomes como Sequoia Capital, Andreessen Horowitz, Meritech Capital, IVP, ARK Invest, Anthos Capital, CapitalG e Y Combinator.

“Estamos diante de um mercado gigantesco, com uma oportunidade igualmente grande”, afirmou o CEO e cofundador Tarek Mansour. “Precisamos ganhar escala para aproveitar esse potencial.”

As plataformas de previsão, que permitem apostas em eleições, premiações culturais, eventos esportivos e outros acontecimentos, estão se consolidando como um negócio de grande volume. As cinco maiores do setor já movimentam bilhões semanalmente, segundo dados da Dune.

O novo valuation transformou Mansour e a cofundadora Luana Lopes Lara em bilionários, pelo menos em termos acionários. Ambos possuem entre 20% e 25% da empresa, segundo uma pessoa com conhecimento da estrutura societária que não estava autorizada a falar publicamente.

A expansão acelerada da Kalshi tem sido impulsionada principalmente pelo avanço das apostas esportivas complexas, conhecidas como parlays. Hoje, uma fatia significativa das negociações na plataforma está concentrada em esportes, afirmou o professor Rajiv Sethi, do Barnard College, especialista em mercados de previsão.

Somente em novembro, a plataforma movimentou cerca de US$ 5,8 bilhões, um recorde e aumento de 32% em relação ao mês anterior, segundo o site The Block. “É uma das empresas de crescimento mais rápido que já vimos”, disse Matt Huang, cofundador da Paradigm.

Mansour afirmou que a nova rodada permitirá ampliar o portfólio de produtos da Kalshi e acelerar sua internacionalização. A empresa busca parcerias com corretoras e outras instituições financeiras para facilitar o acesso aos seus contratos, aproximando-os da lógica de negociação de ações.

A companhia também avança em acordos estratégicos. Segundo fontes próximas às negociações, a Kalshi deve anunciar em breve uma parceria com a CNN, embora nenhuma das partes tenha comentado oficialmente.

Para investidores como Huang, o potencial vai além das apostas tradicionais: ele acredita que alguns usuários poderão usar o mercado como instrumento de proteção financeira contra riscos, como variações climáticas. Ryan Frazier, CEO da Arrived, sugere ainda possíveis usos em cenários de shutdown federal.

Outros especialistas discordam. Para Sethi, os mercados de previsão “não são um ambiente sério para hedge”, já que a maior parte dos usuários está focada em apostas, e não em gestão de risco.

O avanço meteórico da Kalshi ocorre em meio a uma disputa crescente com a rival Polymarket, que recentemente recebeu autorização para operar nos Estados Unidos. As duas empresas protagonizam uma “corrida armamentista” por capital: em outubro, ambas anunciaram rodadas de investimento de centenas de milhões de dólares na mesma semana.

O sucesso das plataformas de previsão, especialmente no segmento esportivo, tem pressionado gigantes tradicionais de apostas, como DraftKings e FanDuel, que agora tentam entrar nesse mercado emergente.

Ao mesmo tempo, o setor enfrenta resistências regulatórias. Autoridades estaduais questionam se plataformas de mercados de previsão se enquadram em apostas esportivas e cobram participação na receita. Na semana passada, a Kalshi sofreu um revés quando um juiz federal determinou que a empresa está sujeita às regras de jogos do estado de Nevada, decisão que a companhia pretende contestar.

Sobre os impactos da medida, Mansour foi cauteloso: “Ainda é cedo para saber”, afirmou.

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