Desigualdade persiste no mercado de trabalho, apesar de recorde de ocupação em 2024, aponta IBGE

Nova edição da SIS revela que mulheres seguem em desvantagem e que idosos ampliam participação no mercado; informalidade continua estrutural no país

Foto: Reprodução

A mais recente Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE) nesta quarta-feira (3), mostra que, enquanto o país atingiu em 2024 o maior número de pessoas ocupadas da série histórica, 101,3 milhões, desigualdades de gênero continuam marcando o acesso ao emprego.

Mesmo com maior escolaridade, apenas 49,1% das mulheres brasileiras estavam empregadas no ano passado, contra 68,8% dos homens. Quando conseguem uma vaga, as mulheres também recebem menos: em 2024, os rendimentos femininos equivaleram a 78,6% dos masculinos, percentual que cai para 63,8% nos setores de serviços e comércio. O único segmento em que elas ganham mais que os homens é o das Forças Armadas e forças policiais, uma área de pouca representatividade na economia.

Mesmo entre profissionais com ensino superior, as diferenças persistem. Elas têm maior taxa de ocupação que outras faixas educacionais, mas ainda ficam atrás dos homens com o mesmo nível de formação. Além disso, uma parcela expressiva permanece em atividades mais precárias, como o trabalho doméstico sem carteira assinada, que atinge 9,4% das mulheres.

A subutilização, quando a pessoa deseja trabalhar mais, mas não encontra oportunidades, também é mais elevada entre elas: 20,4% das brasileiras estavam nessa condição em 2024, e os homens apenas 12,8%. As desigualdades são ainda mais acentuadas entre mulheres pretas e pardas, que registram as maiores taxas tanto de subutilização quanto de pobreza.

Idosos ganham mais espaço no mercado

Enquanto as mulheres enfrentam obstáculos para avançar, pessoas com 60 anos ou mais têm ampliado sua presença no mercado de trabalho. Em 2024, 24,4% dos idosos estavam ocupados, o maior índice já registrado. Isso significa que um em cada quatro brasileiros nessa faixa etária continuava trabalhando.

Entre 2012 e 2024, a população idosa cresceu 53,3%, alcançando 34,1 milhões de pessoas, quase 20% da população em idade ativa. O aumento se deve a dois fatores, segundo o IBGE: a maior expectativa de vida, que atingiu 76,6 anos em 2024, e a reforma da Previdência de 2019, que elevou o tempo mínimo de contribuição.

Apesar da idade, os idosos têm taxa de desemprego muito baixa (2,9%), em grande parte porque uma parcela significativa já está inserida no mercado ou deixou de procurar trabalho. No entanto, a informalidade predomina: 55,7% trabalham sem vínculo formal.

Outros recortes mostram que:

34,2% dos homens com 60+ estavam ocupados em 2024, contra 16,7% das mulheres;
Entre 60 e 69 anos, 48% dos homens trabalhavam, ante 26,2% das mulheres;
Idosos pretos e pardos têm informalidade ainda maior (61,2%);
O rendimento médio desse grupo é de R$ 3,5 mil;
Mulheres idosas recebem cerca de R$ 2,7 mil, enquanto homens ultrapassam R$ 4 mil;
Idosos pretos e pardos ganham quase metade do rendimento dos brancos.


A SIS mostra também que 2024 consolidou a recuperação do mercado iniciada em 2022. O nível de ocupação alcançou 58,6% da população em idade ativa, maior marca desde 2012.

As taxas de desocupação e subutilização, que subiram continuamente entre 2015 e 2021, voltaram a cair nos últimos três anos:

Desocupação: de 14% (2021) para 6,6% (2024)
Subutilização: de 28,5% (2021) para 16,2% (2024)

Apesar do avanço no número de trabalhadores ocupados, a informalidade segue dominante. A participação de trabalhadores sem vínculo formal aumentou novamente após 2021 e atingiu 46,5% em 2024.

A expansão foi mais intensa entre empregados sem carteira (alta de 4,2%) do que entre autônomos (1,8%) na comparação com 2023. O IBGE destaca que a informalidade inclui desde empregados e trabalhadoras domésticas sem carteira até autônomos e empregadores que não contribuem para a Previdência.

O setor de Serviços permanece como o principal motor da criação de vagas. Em 2024, os segmentos que mais cresceram foram:

Transporte, armazenagem e correio: +7,7%
Outros serviços: +5,6%
Construção: +5,3%
Comércio e reparação: +4%

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