A situação financeira dos Correios se tornou foco de preocupação no governo federal após o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas revelar que o desempenho negativo da empresa pesou no resultado fiscal mais recente. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, o quadro atual é grave e motivou uma resposta mais firme da equipe econômica.
“A situação dos Correios é muito ruim. Pedimos um plano de reestruturação, que está em curso. Deve ser um plano ousado e, ao mesmo tempo, cuidadoso”, afirmou Durigan.
A estatal projeta prejuízos que podem alcançar R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 23 bilhões em 2026 caso nenhuma medida seja implementada. Diante do risco, o governo exigiu que a empresa apresente, nas próximas semanas, uma proposta para reverter a crise.
Monitoramento das estatais será reforçado
Durigan destacou que, embora haja acompanhamento contínuo das empresas públicas, o caso dos Correios revelou falhas na supervisão, especialmente no âmbito da CGPAR, Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União.
“Sempre houve monitoramento, mas o caso dos Correios nos alerta para um acompanhamento mais contínuo das estatais”, afirmou. Segundo ele, o governo já pediu informações detalhadas sobre projeções, despesas e medidas planejadas pela companhia.
Peso dos Correios no desempenho fiscal
Na avaliação da Fazenda, o resultado da estatal impactou significativamente os números do bimestre. “O resultado muito ruim da empresa causa impacto negativo no bimestral. Se não fossem os Correios, poderíamos estar num cenário um pouco melhor”, disse Durigan.
Embora os Correios não dependam de repasses diretos do Tesouro para operar, seus prejuízos entram no cálculo da meta fiscal, que pode registrar déficit de até R$ 31 bilhões neste ano. Para 2025, o governo precisou revisar para pior o resultado projetado da empresa em quase R$ 3 bilhões, exigindo cortes equivalentes nos ministérios. A lista das pastas afetadas ainda será divulgada.
Esse ajuste, ressaltou Durigan, é contábil, ou seja, não representa um gasto adicional do Tesouro, mas obriga o governo a reduzir despesas para não violar a regra fiscal.
O secretário alertou que os impactos podem ser ainda mais severos a partir de 2026. “Para 2026, existe risco de (a necessidade de compensação) ser maior do que a gente está vendo este ano”, ressaltou.
Próximos passos
Conforme detalhou Durigan, o plano de reestruturação dos Correios deve ser entregue ainda neste ciclo. A partir disso:
O governo analisará a proposta e poderá determinar ações adicionais;
A supervisão das estatais será intensificada, para evitar deterioração inesperada das contas públicas;
Novos mecanismos de monitoramento devem ser adotados pela CGPAR.
“O caso dos Correios nos aponta para a necessidade de acompanhar mais de perto (todas as estatais)”, completou o ministro.
