Em comunicado nesta sexta-feira (21), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou que irá cortar 2.900 postos de trabalhos e irá reduzir o orçamento para 2026 em 17% para 1,8 bilhão de franco suíços, o que equivale a US$ 2,23 bilhões.
Os orçamentos destinados à assistência humanitária estão sofrendo uma grande queda, já que os doadores têm direcionado seus orçamentos para a área de defesa. Assim, os órgãos humanitários precisam fazer escolhas cada vez mais duras sobre quem apoiar, em meio a vários conflitos e níveis recordes de deslocamento.
O CICV, presente em mais de 90 nações e responsável por ações que vão desde visitas a prisioneiros de guerra até a entrega de suprimentos básicos, também sente os efeitos dessa pressão financeira. A instituição, que costuma atuar como mediadora neutra, inclusive realizando a transferência de reféns em Gaza e de detidos palestinos conforme o acordo de cessar-fogo de 10 de outubro, vem adotando medidas para lidar com o aperto no orçamento.
Durante reunião de assembleia, a presidente Mirjana Spoljaric destacou que, embora o CICV permaneça comprometido em estar “na linha de frente dos conflitos, onde poucos conseguem operar”, as limitações financeiras tornam inevitáveis escolhas difíceis para garantir a continuidade da ajuda às populações mais vulneráveis.
Como parte dessas ações, a organização anunciou cortes que afetarão aproximadamente 15% de seu quadro global de 18.500 funcionários, complementando reduções já implementadas em 2023. Segundo comunicado, cerca de um terço dessas baixas deve ocorrer por meio de desligamentos voluntários e pela não substituição de cargos vagos.
Essa crise ocorre em um momento em que os Estados Unidos, o maior financiador de ajuda internacional, reestruturam seus programas externos sob a orientação do presidente Donald Trump, no qual a política prioriza o enfoque “America First”.
