Setor de comércio justifica Selic em 15% por inflação acima da meta e capacidade industrial no limite

Após a manutenção da Selic em 15% pelo Copom, a FecomércioSP defendeu a decisão, argumentando que ela é coerente com a inflação de serviços elevada e a capacidade da indústria no limite. A Federação alerta para o risco fiscal e a necessidade de manter a prioridade no controle de preços.

(Foto: Antônio Cruz)

A decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% gerou controvérsias no mercado financeiro. Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que a manutenção dos juros altos foi um erro, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP) afirmou que a decisão do BC foi coerente com o atual cenário econômico brasileiro.

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Alguns dados respaldam essa posição: a inflação de serviços está pressionada (6,14% no acumulado de 12 meses até setembro) pelo aquecimento do mercado de trabalho que, por consequência, eleva a renda média das famílias, estimulando o consumo. O índice geral (IPCA) até caiu para 5,17% no intervalo de um ano, mas também permanece acima do teto da meta, de 4,5%.

Além disso, a capacidade instalada da indústria está acima da média histórica: em setembro, ela ficou em 81%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). É reflexo de uma economia rodando perto do limite, porque, nesse nível, qualquer aumento de demanda se transforma em inflação, e não em crescimento.

Isso sem contar, novamente, a política fiscal incerta. A falta de um compromisso inequívoco do governo de controle dos gastos públicos, além das metas de resultados primários em questionamento, aumento de despesas obrigatórias e um orçamento de 2026 em total descrédito, o mercado não tem outra opção que não precificar esse risco. A taxa Selic é apenas reflexo disso.

Para a FecomercioSP, cortar os juros agora seria bastante tentador, mas perigoso. Ainda que a inflação esteja caindo, o núcleo do fenômeno segue elevado, além de todas as incertezas da conjuntura. Se não foi uma decisão fácil — juros altos pesam no orçamento das famílias, travam a atividade econômica e pesam o crédito —, por outro lado é apenas dessa forma que o Banco Central conseguirá colocar os preços nos trilhos novamente, mantendo-os dentro do intervalo da meta no futuro próximo. Essa é a prioridade agora.

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