Brasil mantém segunda maior taxa real de juros do mundo após decisão do Copom

Com Selic em 15% ao ano, país só fica atrás da Turquia em ranking global; Banco Central adota tom cauteloso e afirma que manterá juros altos por período prolongado diante das incertezas econômicas.

Foto: EBC

A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano manteve o Brasil com a segunda maior taxa real de juros do planeta, atrás apenas da Turquia. O levantamento é da consultoria MoneYou, que monitora há 25 anos o desempenho de 40 economias relevantes no mercado global de renda fixa.

De acordo com o ranking, o juro real brasileiro está em 9,74%, considerando a taxa nominal de 15% e o desconto da inflação no período. A Turquia lidera com 17,8% e a Rússia ocupa o terceiro lugar com 9,1%. Em seguida aparecem Argentina (5,16%), Índia (4,21%), Colômbia (3,66%), México (3,54%), África do Sul (3,31%), Tailândia (2,77%) e Indonésia (2,41%).

Essa foi a terceira reunião consecutiva em que o Copom opta por manter a Selic no mesmo patamar, o mais alto desde julho de 2006, quando a taxa estava em 15,25% durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em comunicado, o Banco Central justificou a decisão com base nas incertezas do cenário internacional e doméstico, citando a política econômica dos Estados Unidos e o impacto das tarifas comerciais impostas ao Brasil.

“O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”, diz o texto.

O Copom também ressaltou que monitora de perto a situação fiscal do país. “O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza.”

Inflação e metas sob pressão

O Banco Central reafirmou que a Selic é o principal instrumento de controle da inflação, afetando diretamente o crédito e o consumo das famílias. Desde o início de 2025, o BC opera sob o novo regime de meta contínua, que estabelece um objetivo de inflação de 3%, considerado atingido se o índice variar entre 1,5% e 4,5%.

Com a inflação acima do teto da meta por seis meses consecutivos até junho, a instituição precisou divulgar uma carta aberta à população. No documento, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, apontou que a alta dos preços foi influenciada por “atividade econômica aquecida, câmbio, custo da energia elétrica e anomalias climáticas”.

O Copom ressaltou que suas decisões se baseiam nas projeções futuras de inflação, já que os efeitos da política monetária levam de seis a dezoito meses para se refletir plenamente na economia.

Brasil entre os líderes do juro nominal

No ranking dos juros nominais, o Brasil aparece em quarto lugar, atrás de Turquia (39,5%), Argentina (29%) e Rússia (16,5%). Também figuram entre os dez primeiros Colômbia (9,25%), México (7,5%), África do Sul (7%), Hungria (6,5%), Índia (5,5%) e Indonésia (4,75%).

Perspectivas

A próxima reunião do Comitê está marcada para os dias 9 e 10 de dezembro, quando os diretores do Banco Central voltarão a avaliar se o atual patamar de 15% será mantido, ou se haverá, finalmente, espaço para o início da flexibilização monetária.

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