Os acionistas da Tesla decidirão nesta quinta-feira (7), durante a assembleia anual da companhia, se aprovam um novo pacote bilionário de remuneração para o CEO Elon Musk, medida que pode torná-lo o primeiro trilionário do mundo ou levá-lo a deixar a empresa, segundo o próprio executivo.
O plano prevê a concessão de até 423,7 milhões de ações adicionais da Tesla ao longo dos próximos dez anos, o que representaria um valor estimado em US$ 1 trilhão caso a empresa alcance uma capitalização de mercado de US$ 8,5 trilhões. Para atingir essa meta, o preço das ações precisaria subir cerca de 466% em relação ao valor atual, um patamar que superaria até mesmo a Nvidia, avaliada em US$ 5 trilhões na semana passada.
Além do crescimento de mercado, a Tesla também teria que cumprir uma série de metas operacionais e financeiras para que Musk tivesse direito ao valor integral do pacote. O desafio, porém, é grande: a montadora vem enfrentando queda nas vendas e nos lucros em 2025, além de incertezas financeiras diante da redução de incentivos do governo dos Estados Unidos para veículos elétricos.
Mesmo assim, Musk e outros executivos afirmam que a empresa passa por uma mudança estratégica, voltando-se agora para o desenvolvimento de carros autônomos, “robotáxis” e robôs humanoides. Esses projetos, no entanto, ainda estão em fase experimental e não chegaram ao mercado, o que torna incerto o recebimento total das ações previstas.
Apesar das dúvidas, há forte otimismo entre os defensores do empresário. “Os acionistas vão apoiar isso de forma esmagadora, porque Musk é o principal ativo da Tesla”, afirmou Dan Ives, analista da Wedbush Securities. “A Tesla precisa de Musk para levá-la ao futuro da direção autônoma e da robótica.”
A confiança é justificada pelo histórico: em votações anteriores, 84% das ações apoiaram os pacotes salariais do executivo. Mesmo críticos reconhecem que a aprovação é praticamente certa. “Acho que isso passa de qualquer maneira”, declarou Ross Gerber, CEO da Gerber Kawasaki Wealth & Investment Management, ex-grande acionista da Tesla e hoje crítico de Musk.
Gerber, porém, contesta o tamanho do benefício e o considera desproporcional. “Então, se você receber um trilhão de dólares ao longo de 10 anos, isso dá 275 milhões de dólares por dia”, disse. “Eu simplesmente não consigo imaginar alguém no mundo que considere isso justo para os acionistas.”
A proposta enfrenta resistência de fundos de investimento e fundos de pensão públicos dos EUA e da Europa, entre eles o Norges Bank Investment Management, o maior fundo soberano do planeta. As consultorias Glass Lewis e ISS também recomendaram que os investidores votem contra o plano, argumentando que as metas de desempenho são vagas e que a diluição de ações prejudicaria os acionistas atuais.
“As metas de desempenho incluídas no pacote salarial proposto para Musk são, em muitos casos, vagas, pouco exigentes e sujeitas a uma discricionariedade significativa por parte do conselho”, escreveu a Glass Lewis em nota.
Durante uma recente teleconferência com investidores, Musk reagiu às críticas com dureza, chamando as consultorias de “terroristas corporativos”. O bilionário afirmou que a influência dessas empresas sobre os fundos de investimento é a razão pela qual deseja aumentar seu poder de voto dentro da Tesla.
“Não é como se eu fosse gastar o dinheiro”, disse Musk. “É preciso ter controle de voto suficiente para me dar uma forte influência, mas não tanto a ponto de eu não poder ser demitido se enlouquecer.”
Caso o plano seja aprovado, Musk reforçará seu domínio sobre a Tesla, e abrirá caminho para se tornar o primeiro trilionário do mundo, desde que consiga entregar as promessas ambiciosas que traçou para o futuro da empresa.
