A relação do povo brasileiro com a literatura enfrenta problemas de baixa adesão por um longo período de tempo e fatores como falta de incentivo e o alto custo de exemplares se destacam. No entanto, na contramão desse impasse, um nicho de influenciadores digitais surgiu para fomentar o mercado literário e compartilhar nas redes sociais a paixão pelas palavras – os bookinfluencers.
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Nesta quinta-feira (23) é comemorado o Dia Internacional do Livro e o Portal WSCOM conversou com três criadoras de conteúdo paraibanas para adentrar no universo digital literário e compreender as novas tendências deste mercado.
Mabel Pontes (@fadamabs), Patrícia Valença (@leiturasdatrish) e Mariana Deodato (@marcadeods) além de compartilharem o estilo de conteúdo publicado em suas redes, também tiveram inícios similares no mundo literário e da internet.
Todas elas se apaixonaram pelos livros ainda na infância, incentivadas pelos familiares mais próximos. Porém, ao chegarem na adolescência e na vida adulta perceberam que não tinham pessoas no círculo de amizade para compartilhar o hobby. Esse cenário é comprovado pela pesquisa “Retratos da Leitura do Brasil”, realizada em 2024 pelo Instituto Pró-Livro, que afirmou que 56% dos brasileiros não são considerados “leitores”.
A partir deste ponto, as meninas encontram nas redes sociais uma possibilidade de falar sobre os livros que já leram, personagens que as cativaram, tendências e todo o universo literário. E o que começou apenas como um hobby se desenvolveu também como uma atividade lucrativa, mas sem abandonar o objetivo principal.
“Eu já tive retorno financeiro pelo conteúdo que crio, mas até quando falo sobre livros por meio de parcerias pagas, escolho falar daqueles que realmente fazem o estilo do meu perfil e público alvo. Por causa dessa escolha, acaba sendo sempre por paixão, porque só divulgo as histórias das quais gostei”, compartilhou Mabel.
O principal retorno econômico das influenciadoras acontece através de parcerias com marcas já bem posicionadas no mercado. Mas há também parcerias com autores independentes que, através desse marketing digital, buscam aumentar seu público e número de vendas.
“O que eu mais fecho são parcerias com autores independentes. E na maioria das vezes o que acontece é o recebimento do livro, ou daqueles materiais que vão ser necessários, em troca da divulgação. Em alguns casos foram fechados pagamentos e foi ótimo, como eu disse, na época da faculdade me ajudou muito”, contou Mariana.
Preços altos e leitores digitais
A maioria dos leitores encontra o prazer na literatura antes mesmo de abrir o livro. O toque na lombada e o cheiro de “papel novo” são algumas das sensações que causam satisfação em quem é apaixonado pelo universo. Mas um grande empecilho para quem quer iniciar o hábito ou para os veteranos é o valor de cada exemplar. E para manter o hobby em dia, os leitores precisam buscar estratégias como garimpos em sebos, promoções e feiras.
“Livros nunca foram exatamente baratos, mas agora estão se tornando verdadeiros artigos de luxo, e muita gente não tem condições de gastar mais de R$ 50 em um único exemplar. Uma boa dica para quem quer comprar mais barato é começar a visitar sebos literários ou buscar por livros usados em sites da internet. Em ambas as opções, é possível encontrar muita coisa boa e fazer achados incríveis. Eu vou no sebo literário sempre que posso”, disse Mabel.
Para Patrícia, o aumento do preço dos exemplares se coloca como um desafio para dar continuidade ao hobby, sendo necessário deixar as páginas físicas de lado e entrar no universo dos leitores digitais – como Kindle e KOBO.
“Acredito que é um obstáculo sim, principalmente porque os valores dos livros físicos estão aumentando com o passar do tempo. Uma ótima alternativa são os livros digitais, que podem ser adquiridos por um valor menor, principalmente em eventos de promoções, porém nem todos os leitores dão uma chance para esse formato”, pontuou.
Os leitores digitais, além de oferecerem um maior custo benefício na hora de adquirir o livro, também ajudam a manter o hábito no cotidiano, devido a praticidade oferecida pelos aparelhos.
“O Kindle é uma praticidade absurda. Primeiro, porque você consegue carregar muitos livros, artigos e contos no aparelho – ele é muito pequeno. Segundo, porque ele te conecta com autores que às vezes não vão ter o incentivo de editoras ou até um incentivo financeiro para poder publicar de modo independente um livro físico. Isso custa muito caro”, detalhou Mariana.
Indicações
A indicação de leitura faz parte do cotidiano das bookinfluencers e o Portal WSCOM aproveitou a oportunidade para pedir recomendações literárias para cada uma delas. Confira a seleção:
Mabel Pontes (@fadamabs)
- Vasto Mundo – Maria Valéria Rezende
- Os Noivos do Inverno – Christielle Dabos
- A cabeça do santo – Socorro Acioli
Patrícia Valença (@leiturasdatrish)
- Melhor do que nos filmes – Lynn Painter
- Fora do meu destino – Carina Reis
- Refeito – Natália Tilcailo
Mariana Deodato (@marcadeods)
- Menino de Engenho – José Lins do Rego
- Amor Sobre o Protocolo – Sara Oliveira
- Pai Nosso – Igor Fonseca