As empresas estatais brasileiras registraram déficit primário de R$ 8,3 bilhões entre janeiro e agosto de 2025, segundo dados do Banco Central. O resultado já supera o prejuízo de todo o ano anterior e representa o pior desempenho da série histórica iniciada em 2001. O número reacende o debate sobre a eficiência e o papel das estatais na atual gestão federal.
O maior rombo vem dos Correios, que sozinhos acumularam um déficit de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. A empresa enfrenta uma crise prolongada e apresentou, neste mês, um plano de reestruturação e equilíbrio orçamentário, que inclui a possibilidade de empréstimos de até R$ 20 bilhões para tentar estabilizar as contas.
De acordo com dados do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) compilados pelo CNN Money, das 44 estatais controladas diretamente pela União, 12 fecharam o ano de 2024 com resultado líquido negativo. Além dos Correios, figuram entre as maiores perdas a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), com prejuízo de R$ 1,1 bilhão, a Embrapa (R$ 375 milhões), a Infraero (R$ 229 milhões) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) (R$ 132 milhões).
Governo minimiza impacto do déficit
O MGI afirma que o resultado primário não é o melhor indicador da saúde financeira das estatais, pois segue a metodologia do Orçamento da União e não reflete necessariamente a situação de caixa ou o desempenho mercadológico das empresas.
Segundo a pasta, déficits podem decorrer de ciclos de investimento ou pagamento de dividendos com recursos acumulados em anos anteriores, o que não indicaria, por si só, desequilíbrio financeiro.
“Um déficit primário pode indicar um ciclo de investimento intensivo, financiado por recursos previamente acumulados ou por endividamento planejado, e não necessariamente uma falha de gestão ou insuficiência de receitas operacionais”, afirmou o ministério.
A série histórica do Banco Central mostra que, após sucessivos superávits nas décadas anteriores, as estatais vêm acumulando resultados negativos desde 2023. A tendência, segundo analistas, é de manutenção do cenário deficitário em 2025, refletindo tanto dificuldades de gestão quanto pressões políticas e fiscais sobre as empresas públicas.