A Nestlé anunciou nesta quinta-feira (16) um plano de reestruturação que inclui a demissão de 16 mil funcionários em todo o mundo. A medida foi comunicada pelo novo CEO, Philipp Navratil, durante a divulgação dos resultados financeiros referentes aos primeiros nove meses de 2025, conforme noticiou a agência France Presse.
Navratil, que ingressou na multinacional em 2001 e assumiu a presidência em setembro, destacou que a empresa enfrenta um cenário de transformação e precisa agir com rapidez para manter sua competitividade.
“O mundo está mudando e a Nestlé precisa se adaptar com mais agilidade, o que exigirá decisões difíceis, porém necessárias, para reduzir o quadro de funcionários”,declarou em nota oficial.
O plano prevê a eliminação de 12 mil cargos administrativos em diversas regiões e áreas de atuação, o que deve gerar uma economia anual de 1 bilhão de francos suíços até 2027, o dobro do valor inicialmente previsto. Outros 4 mil postos serão extintos por meio de ajustes já em curso nas áreas de produção e logística.
A Nestlé, sediada na Suíça e dona de mais de 2 mil marcas, entre elas Nescafé, Maggi e KitKat , registrou queda de 1,9% nas vendas, somando 65,9 bilhões de francos suíços (cerca de R$ 452 bilhões). A empresa tem forte presença na América Latina e enfrenta desaceleração desde o período inflacionário de 2022, além de abalos em sua reputação.
A troca de comando ocorre após uma crise interna. O ex-CEO Laurent Freixe, francês que estava na companhia desde 1986, foi demitido no início de setembro após o conselho confirmar que ele manteve um relacionamento amoroso com uma subordinada, o que violava o código de conduta corporativo.
Segundo o portal suíço SRF, a denúncia chegou à Nestlé em maio, por meio dos canais internos da empresa. Uma primeira investigação não encontrou provas de irregularidade, mas novas evidências levaram à abertura de um segundo inquérito, conduzido com apoio jurídico externo, que confirmou o envolvimento.
A apuração foi liderada pelo presidente do conselho, Paul Bulcke, e pelo diretor independente Pablo Isla. Em comunicado, Bulcke afirmou que a decisão de demitir Freixe foi “difícil, porém inevitável”, reforçando que a companhia proíbe relações hierárquicas para evitar conflitos de interesse.
A repercussão do caso foi intensa na Suíça, onde está a sede da Nestlé. Jornais locais divulgaram detalhes sobre a funcionária envolvida, que trabalhava na área de marketing e teria sido promovida a vice-presidente para as Américas após conhecer Freixe.
Com a saída do executivo e a chegada de Navratil, ex-diretor da Nespresso, o mercado espera que o novo CEO consiga restabelecer a estabilidade e o crescimento da empresa, que enfrenta um dos períodos mais desafiadores de sua história recente.