O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (15) que o núcleo da inflação ainda se mantém elevado, resultado de pressões persistentes sobre os preços, e destacou que o Banco Central vem atuando de forma coerente com esse cenário.
As observações foram feitas em um comunicado enviado à reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, da qual o ministro não participou presencialmente. Haddad optou por permanecer em Brasília para tratar das consequências da derrubada da medida provisória que alterava a taxação de aplicações financeiras, considerada essencial no pacote de ajuste fiscal do governo.
Em sua mensagem, o ministro avaliou que o Brasil apresenta perspectivas econômicas positivas no médio prazo, mas reconheceu que “o núcleo de inflação continua relativamente alto”, refletindo expectativas acima da meta oficial de 3%. Ele acrescentou que a política monetária segue em terreno contracionista, reforçando o compromisso do Banco Central em garantir o cumprimento da meta e a ancoragem das expectativas.
Na semana anterior, Haddad havia comentado que a taxa Selic estava “excessivamente restritiva”, embora tenha frisado que se tratava de uma opinião pessoal, sem questionar a autonomia da autoridade monetária.
Atualmente, o Banco Central mantém a Selic em 15% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos. A decisão de setembro foi a segunda manutenção consecutiva, e a instituição indicou que pretende preservar esse nível por mais tempo, até que a inflação convirja à meta.
De acordo com o IBGE, o IPCA acumulou alta de 5,17% nos 12 meses até setembro, levemente acima dos 5,13% registrados em agosto. Haddad ponderou que a atividade econômica do país se aproxima do potencial após um desempenho acima das projeções recentes e afirmou que a inflação tende a convergir gradualmente para o objetivo oficial.
O ministro também ressaltou que o governo Lula seguirá utilizando a política fiscal como instrumento de promoção da justiça social e do bem-estar, levando em conta o ciclo econômico.
Em um cenário de crescentes tensões comerciais internacionais, Haddad defendeu ainda a eliminação de barreiras unilaterais ao comércio e a reconstrução de um sistema global baseado em regras claras e previsíveis, como forma de sustentar o crescimento econômico mundial.