O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira (14) uma atualização do relatório Perspectiva Econômica Global, revisando para cima a projeção de crescimento do Brasil em 2025, mas prevendo um enfraquecimento mais acentuado da economia no ano seguinte. Entre os fatores externos que pesam sobre as perspectivas para o Brasil, o FMI mencionou o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
De acordo com o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 2,4% este ano, uma melhora de 0,1 ponto percentual em relação à previsão feita em julho. Já para 2026, a projeção foi reduzida de 2,1% para 1,9%. O FMI destacou que “sinais de moderação estão surgindo em meio às políticas monetária e fiscal mais rígidas” no país.
A estimativa do Fundo é um pouco mais otimista que a do governo federal para 2025, o Ministério da Fazenda projeta avanço de 2,3% , mas o cenário se inverte no próximo ano, quando a equipe econômica brasileira espera crescimento de 2,4%, acima do número do FMI.
No segundo trimestre, a economia brasileira apresentou expansão de 0,4% em relação aos três primeiros meses do ano, segundo o IBGE, confirmando a tendência de desaceleração causada pela política monetária restritiva. Os dados referentes ao terceiro trimestre serão divulgados no dia 4 de dezembro.
Tarifas dos EUA e tensões políticas
Em agosto, o presidente Donald Trump determinou uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alguns itens foram posteriormente isentos da sobretaxa, e o governo brasileiro tenta negociar uma reversão da medida. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Trump conversaram por telefone no início do mês, e há expectativa de um encontro presencial entre os dois.
Juros e inflação
Outro fator que limita o crescimento é a taxa básica de juros, atualmente em 15%. O Banco Central sinalizou que entrará em uma fase de estabilidade prolongada da Selic, mantendo o patamar elevado até que a inflação convirja para a meta.
O FMI estima uma inflação média de 5,2% em 2025 e 4,0% em 2026, ainda acima do centro da meta oficial de 3%, que possui uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Dívida e cenário global
O relatório também alerta para o crescimento da dívida pública como proporção do PIB no Brasil, tendência que se repete em países como China, França e Estados Unidos. O aumento está associado aos saldos primários negativos e ao baixo espaço fiscal para políticas de estímulo.
No panorama mais amplo, o FMI ajustou ligeiramente para cima a previsão de crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento, grupo que inclui o Brasil, projetando expansão de 4,2% em 2025 e 4,0% em 2026. O desempenho melhor que o esperado no primeiro semestre, impulsionado pela safra agrícola recorde no Brasil, pelo setor de serviços aquecido na Índia e pela demanda interna sólida na Turquia, contribuiu para essa revisão.
Contudo, o Fundo alertou que as condições externas estão ficando mais difíceis. “Tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos estão reduzindo a demanda externa, com profundas implicações para várias grandes economias orientadas para a exportação, enquanto a incerteza na política comercial está afetando o apetite das empresas por investimentos”, afirmou o relatório.
Na América Latina e Caribe, o FMI prevê crescimento de 2,4% em 2025 e 2,3% em 2026, com destaque para o México, cuja projeção para este ano foi revista para cima em 0,8 ponto percentual, alcançando 1,0%.