CNA aponta necessidade de R$ 4,9 bilhões anuais para recuperar estradas rurais essenciais ao agronegócio

Estudo indica que más condições das vias geram prejuízos de R$ 16,2 bilhões por ano e comprometem o escoamento da produção agrícola no país

Foto: Reprodução

O setor agropecuário brasileiro estima que sejam necessários ao menos R$ 4,9 bilhões por ano para garantir condições adequadas às estradas vicinais que conectam as regiões rurais produtivas aos grandes corredores logísticos. O cálculo é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que aponta essas vias como fundamentais para o transporte de alimentos, insumos e matérias-primas.

Segundo o estudo, que avaliou 177 mil quilômetros de estradas terciárias em áreas consideradas prioritárias, o custo médio anual de manutenção é de R$ 35 mil por quilômetro. Se toda a malha de 367 mil km de estradas vicinais fosse elevada ao padrão mínimo de qualidade, o investimento necessário subiria para cerca de R$ 10 bilhões anuais.

Já para requalificar 101 mil km de estradas em más condições e elevá-las a um nível “superior”, o investimento estimado pela CNA chega a R$ 12,6 bilhões, com manutenção anual de R$ 131 mil por km.

Essas vias, geralmente não pavimentadas e de revestimento natural, são o principal elo entre as fazendas e os centros de distribuição. Por elas, circulam em média 1,4 tonelada de carga, incluindo soja, milho, cana-de-açúcar, frutas, madeira, leite e produção animal, entre outros produtos.

Para a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes, o valor proposto é estratégico.

“Estamos falando de um valor que representa menos de um terço do prejuízo anual (R$ 16,2 bilhões) causado pelas más condições dessas vias, apenas em custos operacionais. Com esse aporte, seria possível melhorar a qualidade de vida da população rural e garantir o escoamento de alimentos com mais segurança e eficiência”, afirmou.

Com a reestruturação das estradas, a CNA prevê uma redução de R$ 6,4 bilhões anuais nos custos operacionais, como combustível, manutenção e mão de obra. A entidade também estima um impacto ambiental positivo, com a diminuição de 1 milhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano.

O levantamento abrangeu estradas na Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Paraná. Ao todo, foram analisados mais de 1,2 mil km e entrevistadas 150 pessoas.

Entre os principais entraves identificados estão o orçamento público insuficiente, a ampla extensão da malha viária e a falta de profissionais qualificados para executar as obras.

Atualmente, o Brasil possui 2,2 milhões de km de estradas vicinais, distribuídas por 557 microrregiões. Destas, 367 mil km são estradas terciárias e 1,8 milhão de km (84,5%) não têm classificação oficial.

Para mudar esse cenário, a CNA apresentou um conjunto de recomendações, como reforçar a integração entre os setores público e privado, melhorar a logística de distribuição de materiais e criar canais diretos de comunicação com produtores rurais.

A entidade também defende capacitar trabalhadores e formar equipes técnicas especializadas para gerenciar e manter essas estradas, além de implementar efetivamente o Proner (Programa Nacional de Estradas Vicinais), do Ministério da Agricultura.

O relatório, intitulado “Panorama das Estradas Vicinais no Brasil”, foi elaborado pelo Esalq-Log (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) a pedido da CNA.

A análise utilizou dados públicos da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da plataforma colaborativa OpenStreetMap, complementados por visitas de campo em oito microrregiões para observar de perto as condições reais das vias rurais.

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