O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou hoje (6) que a inflação vem mostrando sinais de desaceleração após alcançar um patamar “muito elevado” em abril. Segundo ele, essa queda está mais concentrada nos preços de bens, enquanto o setor de serviços ainda apresenta índices incompatíveis com a meta estabelecida.
Durante evento promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, Galípolo destacou que o relatório Focus, divulgado nesta manhã, mostra que as projeções de inflação continuam acima da meta até 2028, o que considera um fator “bastante incômodo” para a autoridade monetária.
O dirigente reforçou que o Banco Central tem como objetivo central manter a inflação em 3%, lembrando que a faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual serve apenas para lidar com choques temporários. Ele acrescentou que a taxa de juros deve permanecer em nível elevado por um período prolongado. “O BC tem uma meta muito clara, definida por lei. Nós vamos perseguir essa meta e cumprir nossa função”, afirmou.
De acordo com o relatório Focus, o mercado financeiro prevê inflação de 4,80% em 2025, 4,28% em 2026, 3,90% em 2027 e 3,70% em 2028.
Galípolo também observou que as decisões da instituição são guiadas pelos dados disponíveis e que o ritmo da economia tende a se “suavizar” nos próximos trimestres, embora ainda haja sinais de aquecimento. Ele chamou atenção para o aumento do déficit nas transações correntes e sugeriu que o Brasil pode estar operando acima do pleno emprego.
Para o presidente do BC, o crescimento sustentável do país dependerá do avanço da produtividade, de modo a evitar pressões sobre os preços.
Ao comparar a política monetária ao tratamento de um paciente, Galípolo defendeu uma postura cautelosa antes de qualquer mudança na taxa básica de juros. “Ninguém toma uma cartela inteira de antibiótico no primeiro dia, nem interrompe o tratamento ao primeiro sinal de melhora”, disse.
Na reunião de política monetária de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% e sinalizou que os juros deverão permanecer nesse nível por um período prolongado, como parte da estratégia para garantir o cumprimento da meta de inflação.