Copom deve manter Selic em 15% e adiar início dos cortes para 2026

Banco Central indica que juros seguirão no maior nível em quase 20 anos para conter inflação acima da meta. Analistas preveem queda apenas no início de 2026, com possibilidade de antecipação caso a economia desacelere.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira (17) e deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, o nível mais alto em quase duas décadas. O anúncio oficial será feito após as 18h.

A decisão já era esperada por analistas do mercado financeiro, que preveem que os juros permanecerão inalterados por um período prolongado, como o próprio BC vem sinalizando.

Para os especialistas, o primeiro corte só deve ocorrer no início de 2026, embora haja uma chance de antecipação ainda em 2025 caso o dólar caia mais fortemente ou a economia apresente desaceleração significativa.

Em nota, o Itaú Unibanco afirmou que a inflação atual trouxe algum “alívio” e que as expectativas de alta de preços para os próximos anos recuaram, ainda que de forma modesta, permanecendo acima da meta oficial.

“Mantemos nossa projeção de início do ciclo de cortes no 1º trimestre de 2026. Contudo, reconhecemos que aumentaram os riscos de um corte antes disso”, destacou o banco.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp),Rafael Cervone, reforçou que o país precisa de responsabilidade fiscal para conter a inflação. “É fundamental que União, estados e municípios façam um esforço para equilibrar suas contas. Não podemos conviver indefinidamente com juros altos e déficits fiscais, que se alimentam mutuamente e limitam nosso crescimento”, afirmou.

O BC utiliza o sistema de metas de inflação para calibrar a Selic. Se a projeção de inflação está alinhada com a meta, há espaço para cortes. Caso esteja acima, a tendência é manter ou elevar os juros. Desde 2025, passou a vigorar o sistema de meta contínua, com objetivo central de 3%, considerado cumprido se o IPCA ficar entre 1,5% e 4,5%.

Com a inflação acumulada em seis meses acima da meta em junho, o BC foi obrigado a publicar uma carta explicando os motivos. A autoridade monetária reforça que suas decisões olham para o futuro, ou seja, para as projeções, porque os efeitos de mudanças na Selic levam de seis a 18 meses para se refletirem na economia.

As estimativas atuais do mercado para a inflação são de 4,83% em 2025 (acima da meta), 4,30% em 2026, 3,9% em 2027 e 3,7% em 2028. Todas acima da meta central de 3%.

Na ata da reunião de agosto, o Copom afirmou que o “hiato do produto” segue positivo, indicando que a economia ainda opera acima do seu potencial sem gerar pressão inflacionária.

O BC reconheceu que a política de juros elevados já está moderando o crescimento e que os impactos no mercado de trabalho devem se intensificar. “A atividade doméstica mostra sinais de moderação no ritmo de expansão, com dados divergentes entre setores”, registrou o documento.

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