O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira (2) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025. O resultado superou a previsão de analistas consultados pela Reuters, que estimavam avanço de 0,3% no período. De acordo com o IBGE, o resultado levou a economia brasileira ao maior nível da série histórica iniciada em 1996.
Apesar da alta, o desempenho mostrou perda de ritmo em relação aos três primeiros meses do ano, quando a economia havia expandido 1,3%, impulsionada principalmente pela agropecuária. Dessa vez, o setor agrícola recuou 0,1% entre abril e junho, após forte crescimento de 12,3% no início do ano.
Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%, em linha com as expectativas da pesquisa.
No setor da produção, os serviços, responsáveis por cerca de 70% do PIB, mantiveram a resiliência e cresceram 0,6%, acima do 0,4% registrado no primeiro trimestre. A indústria, que havia estagnado nos três primeiros meses, mostrou recuperação com alta de 0,5%, puxada pelas Indústrias Extrativas, que avançaram 5,4%. Já os setores de Transformação e Construção sentiram os efeitos da taxa de juros elevada.
A política monetária restritiva, com Selic em 15%, continua limitando crédito e consumo, e o Banco Central já sinalizou manutenção do patamar elevado por um período prolongado para conter pressões inflacionárias. Ainda assim, o mercado de trabalho aquecido e a elevação da renda devem atenuar os impactos.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias aumentou 0,5% entre abril e junho, mas perdeu força em relação ao crescimento de 1,0% no trimestre anterior. “O aumento dos salários reais e a continuidade dos programas de transferência de renda têm sustentado o consumo”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Já o consumo do governo caiu 0,6%, enquanto os investimentos (medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 2,2%, após avanço de 3,2% no início do ano. No setor externo, as exportações subiram 0,7%, e as importações caíram 2,9%.
“O desempenho do agro e da indústria extrativa tem favorecido as exportações brasileiras”, acrescentou Palis.
O cenário para o segundo semestre, porém, traz incertezas. Desde agosto, passou a vigorar nos Estados Unidos a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que incide sobre mercadorias responsáveis por 36% das exportações ao país, como carne, café, frutas e calçados. Apesar disso, economistas avaliam que o impacto pode ser limitado, diante das exceções incluídas na medida e da ampliação das relações comerciais com a China.
Para reduzir os efeitos do tarifaço, o governo brasileiro anunciou um conjunto de ações, entre elas linhas de crédito, adiamento de tributos, estímulo às exportações e compras governamentais. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alertou, entretanto, que a taxação mais alta pode se tornar um fator de desaceleração adicional da economia.