Tarifaço: indústria de carne dos EUA alerta que dependência de cortes brasileiros põe em risco produção de hambúrgueres

Movimentando cerca de 400 mil toneladas por ano, a carne brasileira pagava 36,4% de taxa de exportação aos EUA antes das tarifas

Imagem: Tricia Vieira / Divulgação

A indústria de carne dos Estados Unidos alertou que o país depende da importação de carne brasileira para a produção de carne moída e hambúrgueres. Em uma carta que pede a revisão das tarifas impostas por Donald Trump, a Meat Import Council of America (Mica) afirma que, sem o produto, consumidores e produtores americanos terão prejuízos.

A afirmação, divulgada pela revista EXAME, é de Michael Skahill, diretor-executivo da Mica. Na carta, ele aponta que, embora os EUA sejam um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, o país enfrenta uma “deficiência estrutural em um produto essencial: aparas bovinas magras”, que são um ingrediente essencial na produção de carne moída. O documento aponta que este tipo de aparas não é produzido em quantidades suficientes pelos EUA porque o rebanho americano é otimizado para a produção de cortes de alta qualidade, como bifes marmorizados.

Sullivan explica que as “aparas bovinas magras importadas são usadas por processadores americanos para misturar com aparas nacionais com alto teor de gordura, criando os produtos de carne moída amplamente consumidos”. A demanda por carne moída nos EUA é de cerca de 50 bilhões de hambúrgueres por ano, e as projeções indicam que a produção doméstica permanecerá limitada até, pelo menos, 2027. “Nesse contexto, o acesso à carne bovina magra importada não é apenas benéfico, mas essencial para manter um suprimento robusto de carne bovina nos EUA”, afirma.

Na carta, Sullivan argumenta ainda que a carne importada ajuda os fazendeiros americanos, que podem produzir cortes mais caros e vendê-los ao exterior. Ele pede que o governo americano se abstenha de implementar restrições comerciais ou tarifas sobre carne bovina importada, pois isso “prejudicaria a resiliência do sistema alimentar dos EUA e impactaria negativamente os consumidores e produtores americanos”.

As exportações de carne do Brasil movimentam cerca de 400 mil toneladas por ano. Antes do tarifaço de agosto, a carne brasileira pagava 36,4% de taxa de exportação aos EUA. Com a nova tarifa de 50%, a taxa total cobrada sobre a carne brasileira subiu para 76,4%.

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