De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de frango podem registrar baixa de até 2% em 2025, em comparação ao ano anterior. Apenas entre janeiro e julho, a redução já foi de 1,7%.
O cenário é consequência das restrições impostas por alguns mercados internacionais após a confirmação, em maio, de um caso de gripe aviária em uma granja comercial localizada em Montenegro (RS).
Embora em junho o Brasil tenha sido declarado livre da doença e não tenha registrado novos episódios, países como China e União Europeia continuam sem autorizar a entrada do produto brasileiro.
Esse bloqueio afetou diretamente os embarques destinados aos chineses, que caíram 32,2% no acumulado de janeiro a julho de 2024. Ainda não há prazo definido para a retomada das compras, mas, segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o governo chinês está avaliando a documentação enviada pelo Brasil.
Já o Chile anunciou que deve retomar as importações nesta ou na próxima semana.
Apesar das restrições, a ABPA projeta recuperação no médio prazo: em 2026, as vendas externas de frango devem crescer em torno de 5,8%. Enquanto isso, a produção doméstica segue em alta, com expectativa de aumento de até 3% em 2025 e mais 2% no ano seguinte.
Enquanto isso, diferentemente do frango, o setor de ovos projeta um desempenho histórico em 2025. As exportações devem encerrar o ano com avanço de 116,6% em relação a 2024, puxadas principalmente pela forte demanda dos Estados Unidos, que enfrentam queda expressiva na produção após a morte de milhares de aves pela gripe aviária.
Entre janeiro e julho, os embarques para o mercado norte-americano cresceram 1.419,3%, somando 18.976 toneladas e resultando em um faturamento de US$ 41 milhões.
Segundo Ricardo, esse salto ocorreu antes da aplicação da tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump. “Ainda não sabemos como ficará o volume exportado após essa medida”, disse.
Apesar da incerteza, Santin ressaltou que a oferta interna dos EUA segue reduzida, o que pode manter a demanda pelo produto brasileiro. Além disso, os norte-americanos representam cerca de 2% das exportações globais da suinocultura do Brasil, uma pequena participação, mas que já garantiu US$ 33 milhões ao setor neste ano. “Não queremos perder esse espaço”, afirmou o presidente da ABPA.
O setor, em conjunto com o governo brasileiro, busca alternativas para reverter o tarifaço. Para 2026, a expectativa é de crescimento mais moderado nas vendas externas de ovos, em torno de 12,5%. Já a produção doméstica deve seguir em alta: expansão de 7,5% em 2025 e de 4,8% em 2026.