Super-ricos ampliam fatia da renda no Brasil, enquanto pobreza recua após pandemia

A concentração de renda no Brasil se intensificou nos últimos anos, especialmente após a pandemia, com forte crescimento dos rendimentos entre os super-ricos. De acordo com estudo recente publicado na Fiscal Data, a renda média do grupo que compõem os 0,1% mais ricos da população, cerca de 160 mil pessoas, aumentou 6,9% ao ano entre 2017 e 2023, contra apenas 1,4% do restante da população.

Como resultado, a participação desse grupo na renda total do país saltou de 9,1% em 2017 para 12,5% em 2023. Já o 1% mais rico, formado por aproximadamente 1,6 milhão de brasileiros, concentrou 24,3% de toda a renda no ano passado, sendo metade desse valor apropriada pelo 0,1% do topo.

O levantamento mostra que o principal fator por trás desse salto foi o aumento no pagamento de lucros e dividendos. Pelas regras atuais, esses repasses, principal forma de distribuição de lucros de empresas a sócios e acionistas, são totalmente isentos do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Enquanto a renda do trabalho chegou a cair, os ganhos de capital impulsionaram a renda dos mais ricos, reforçando a concentração.

Um recorte regional dos dados evidencia ainda o peso do agronegócio nessa dinâmica. Em estados como Mato Grosso, um dos maiores produtores de grãos do país, a parcela da renda total apropriada pelo 0,1% mais rico praticamente dobrou: passou de 9,7% em 2017 para 17,4% em 2023.

O resultado está ligado à combinação de cotações internacionais elevadas e à desvalorização cambial, que aumentou em reais os ganhos dos exportadores.

Por outro lado, os indicadores nacionais apontam que a base da pirâmide também registrou melhora recente. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou avanço dos rendimentos em 2023 e 2024, com crescimento mais acelerado entre os mais pobres.

Segundo o levantamento, esse movimento ocorreu principalmente por conta da retomada do mercado de trabalho e ao reforço de programas sociais, como o Bolsa Família, ampliado em 2022.

Com base nos mesmos dados, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social) estimou que cerca de 6 milhões de brasileiros deixaram a situação de extrema pobreza entre 2023 e 2024.

O IBGE também registrou redução da desigualdade de renda no ano passado, ainda que os números mostrem que o topo segue avançando em ritmo muito mais acelerado do que o restante da população.

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