Acreditei, por um tempo, que Ciro Gomes seria mais um nordestino a ser presidente da República. Inteligente, pensamento veloz, bom de embate e pedagógico. Teoricamente conhecedor da realidade brasileira, principalmente da área econômica, Ciro era professoral ao apontar os problemas e as soluções para o país.
Lula lhe deu projeção quando o fez Ministro da Integração Nacional, delegou missões estratégicas – como cuidar da infraestrutura e da imensa carteira de obras do governo federal, incluindo a Transposição do Rio São Francisco. Lula fez questão de dar vitrine a Ciro, e dizia que foi ele que o ajudou a tirar do papel o projeto da Transição. Fortaleceu tanto os Ferreira Gomes que eles voltaram a governar o Ceará após quase 20 anos de ostracismo.
Governaram com todo apoio do Planalto, e o Ceará foi transformado num crescente-fértil do Nordeste e do Brasil.
Mas Ciro mudou de rota. Começou a trilhar na contramão da própria história, atropelando tudo e todos. Esqueceu quem lhe deu tamanho. Preferiu se ausentar no segundo turno de 2018 e não dar apoio a Fernando Haddad, o que contribuiu decisivamente para a tragédia Bolsonaro eleito presidente do país.
A partir daí, o cidadão cearense entrou em declínio total. Ofereceu-se ao bolsonarismo, fez o pacto – assim como Fausto no leito de morte, que insistiu “quero fazer o acordo” – a ser salvo.
Fez o exercício da vontade ao escolher se juntar com um emirado político cearense disposto a tudo para interromper o desenvolvimento do estado que começou com o bom governo de Cid Gomes, o irmão de Ciro que não embarcou nessa aventura. O estado do Ceará prosseguiu crescendo na gestão do governador Camilo Santana e atualmente com o governador Elmano Freitas. O Ceará cresceu muito desde 2007 quando contou com o apoio fundamental do presidente Lula e da presidente Dilma Roussef.
Ciro virou fanfarrão, deblaterador contumaz nas mídias, e uniu-se com as forças do atraso do Ceará.
E pior: encarnou Carlos Lacerda, o algoz de Getúlio, e fez nascer um novo tentáculo – assim como nascia na mortal serpente Hidra de Lerna – a cada ataque certeiro de Hércules – uma nova corrente: o cirismo-lacerdismo, que a tudo questiona, se opõe, descredibiliza, invalida, confronta e propõe anarquia.