Reconhecida como Cidade Mundial do Artesanato em Renda Renascença pelo Conselho Mundial do Artesanato, Monteiro, no Cariri paraibano, concentra o principal polo produtivo desse tipo de artesanato no Brasil. Cerca de 3 mil mulheres trabalham na confecção manual das peças, que movimentam a economia local, geram renda e fortalecem a identidade cultural da região, segundo dados do Sebrae-PB e do Programa do Artesanato Paraibano (PAP).

Foto: Lara Ribeiro/ Portal WSCOM
Para muitas, o aprendizado começa ainda quando são jovens. Maria Marlucia Amorim de Lima, de Monteiro, aprendeu os primeiros pontos aos 9 anos, observando a mãe. “Eu fazia os pontos e minha mãe terminava o resto. Quando comecei a fazer tudo sozinha, com 9 anos, foi uma felicidade. Eu já tinha meu próprio negócio”, lembra.
Assim como ela, outras mulheres também iniciaram a vida entre linhas e rendas. Maria Aparecida Silva, conhecida como Cida, aprendeu aos sete anos, ensinada pela mãe, que era rendeira e agricultora.
“Levei muito tempo pra aprender. Tomei muito cocó na boca até conseguir fazer o ponto certo”, conta, rindo. Hoje, aos 60 anos, ela ensina o ofício e preside uma associação de rendeiras. “Criei meus filhos com a renda renascença e a agricultura. O que eu penso, eu faço com a renda. É o que me dá alegria e sustento”, disse.

Foto: Lara Ribeiro/ Portal WSCOM
A gerente regional do Sebrae, Madalena Arruda, explica que a renda renascença é um modelo de negócio comunitário e de impacto social. “Monteiro foi reconhecida como cidade mundial da renda renascença pelo Conselho Mundial do Artesanato. É um trabalho que envolve cinco municípios e que tem uma gestão colaborativa, unindo Sebrae, governo e associações”, afirma.
Essa integração deu origem ao Crença (Centro de Referência da Renda Renascença e do Artesanato), inaugurado em 2021 em um prédio histórico restaurado pelo Governo da Paraíba. O espaço funciona como vitrine turística e ponto de comercialização direta das peças.
“O Crença nasceu pra fortalecer a cadeia produtiva, gerar renda e dar visibilidade ao trabalho das rendeiras. Hoje, trabalhamos diretamente com 60 delas, mas o impacto chega a mais de 3 mil mulheres da região”, explica Elisandra, gerente do centro.
Do Cariri para o mundo
Apesar dos obstáculos, a arte das rendeiras de Monteiro vem ganhando o mundo. Peças produzidas no Cariri já desfilaram em passarelas nacionais e internacionais, como na Feira Nacional do Artesanato de Minas Gerais e em eventos da UNESCO em Portugal.
Em 2021, Monteiro recebeu oficialmente o título de Cidade Mundial do Artesanato para Renda Renascença pelo World Crafts Council, uma honraria que reconhece o valor cultural e a excelência técnica da produção local, de acordo com site oficia do Governo da Paraíba.

Foto: Lara Ribeiro/ Portal WSCOM
“A renda da Paraíba tem Indicação Geográfica (IG), que certifica a origem e a qualidade das peças. Isso diferencia nosso produto e abre portas para novos mercados”, ressalta Elisandra.