Um texto contundente do ex-presidente e conselheiro do Botafogo-PB, Raimundo Nóbrega, gerou uma nova crise interna e um atrito com o Governo da Paraíba nesta terça-feira (14). Nóbrega acusou o Governo de dar um “calote” no clube ao anunciar a construção de uma Policlínica de Saúde em cerca de 20% da área (1,6 hectare) do Centro de Treinamento (CT) da Maravilha do Contorno, sem o consentimento da diretoria.
O ex-dirigente afirma que a medida é “irregular” e “oportunista”, alegando que o terreno pertence ao clube há décadas, apesar de o Estado se declarar proprietário e já ter publicado o edital de construção.
Raimundo Nóbrega elevou o tom, criticando o governador João Azevêdo, que é botafoguense assumido. Ele classificou o ato como político, apontando que, na mesma semana, o governador sancionou a lei que reconheceu o Treze como Patrimônio Histórico da Paraíba, protegendo seu patrimônio, enquanto “quer tomar parte do terreno do Botafogo”. Ele ainda sugeriu que a obra poderia ser realizada em outros terrenos públicos disponíveis em outros bairros de João Pessoa.
Apesar do texto de Nóbrega, o jornalista Élison Silva apurou que esta opinião é pessoal e não representa o posicionamento geral da Associação ou do Conselho Deliberativo do Botafogo-PB. Outros conselheiros e membros da associação expressaram indignação com o texto, temendo que a atitude cause uma crise desnecessária com o Governo em um momento crucial para a SAF do clube, que busca parcerias.
Como prova da divergência, está marcada uma reunião para esta quarta-feira (15) entre membros da Associação do Botafogo-PB, o Secretário de Infraestrutura, Deusdete Queiroga, e o Procurador Fábio Brito, com o objetivo de buscar um acordo sobre a regularização do terreno.
Fontes ligadas ao clube lembraram que o Botafogo-PB utilizou a área sem regularização por décadas, sendo a apropriação por parte do Governo do Estado formalizada em 2015, na gestão de Ricardo Coutinho. Contudo, há otimismo quanto à “boa vontade” do governador João Azevêdo em evitar prejuízos ao clube.
A apuração indica que Raimundo Nóbrega, por ter um “pensamento irredutível” e não participar das reuniões recentes sobre o tema, acabou sendo excluído das considerações sobre o futuro do terreno. A possibilidade de motivações políticas na véspera de ano eleitoral para o texto do ex-presidente não é descartada.