Mulheres de várias cidades brasileiras realizam manifestações neste domingo (7) para denunciar o aumento dos feminicídios e exigir ações efetivas de combate à violência de gênero. Organizados por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, os atos buscam romper o silêncio, exigir justiça e afirmar que a sociedade não aceitará mais a impunidade.

Com o lema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas”, a mobilização nacional foi convocada após uma sequência de crimes brutais que reacendeu o alerta sobre a gravidade da violência contra as mulheres no país. A Paraíba, que vem registrando aumento expressivo nos casos de feminicídio em 2025, será um dos polos de mobilização do Movimento Nacional Mulheres Vivas. Em João Pessoa, a manifestação está marcada para as 15h, no Busto de Tamandaré, na orla da Capital.

De acordo com dados atualizados até novembro, o estado contabilizou 32 feminicídios em 2025, o que representa um crescimento de 24% em relação ao ano anterior. Entre janeiro e setembro, foram 24 casos, número que subiu para 32 após os registros de outubro e novembro. Em 2024, mais de 20 mulheres foram assassinadas por razões de gênero entre janeiro e novembro. Em 2025, a média tem variado entre dois e três feminicídios por mês.

A situação acompanha um histórico preocupante. Entre 2017 e 2018, os feminicídios na Paraíba cresceram 53%, passando de 22 para 34, conforme o Anuário Brasileiro da Violência. Em 2023, o estado registrou ainda a maior alta do país em denúncias de ameaça contra mulheres, com aumento de 61%, segundo o Ministério da Justiça. As ocorrências se espalham por várias cidades, entre elas João Pessoa, Campina Grande, Patos e Cajazeiras.

A Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher na Paraíba destaca que as delegacias especializadas não funcionam nos fins de semana, o que dificulta o atendimento em situações emergenciais — especialmente para mulheres que fogem de casa ou buscam proteção fora do horário comercial. O Ligue 180 também registrou crescimento nas denúncias envolvendo agressões e ameaças em 2024.

Uma das coordenadoras do ato na Paraíba, Andréa Miranda, afirma que o objetivo da mobilização é denunciar a violência, pressionar o poder público e estimular a participação social na proteção das mulheres.  “O objetivo do ato é muito claro, denunciar essa violência, pressionar o poder público por políticas reais de proteção e mobilizar toda a sociedade, mulheres e também homens conscientes. Não estamos falando de estatística, estamos falando de vidas interrompidas, de famílias destruídas, de um Estado que falha com a gente”, disse.

Ela reforça que o movimento é plural e apartidário, reunindo coletivos, movimentos feministas, instituições religiosas progressistas, partidos, grupos de mulheres e pessoas que nunca participaram de atos públicos. As reivindicações incluem o funcionamento 24 horas das delegacias da mulher, ampliação de abrigos e casas de acolhimento, e políticas permanentes de prevenção e educação para enfrentar o machismo estrutural.

Para o Movimento Mulheres Vivas, o Brasil vive “uma escalada brutal de agressões e assassinatos de mulheres”. Somente em 2025, mais de mil mulheres foram vítimas de feminicídio no país, segundo o Mapa da Segurança Pública — uma média de quatro assassinatos por dia.

Agenda completa dos atos Mulheres Vivas no Brasil neste domingo (7):

Nordeste

• Paraíba
  • João Pessoa – Busto de Tamandaré, 15h

• Bahia
  • Arraial d’Ajuda – Praça do Santiago, 9h
  • Vitória da Conquista – Feirinha do Bairro Brasil, 9h
  • Salvador – Barra (Cristo ao Farol), 10h (14/12)
  • Lençóis – Feira Livre, 16h (14/12)

• Piauí
  • Parnaíba – Parnaíba Shopping, 16h
  • Teresina – Praça Pedro II, 17h

• Ceará
  • Aracati – Canoa Quebrada, Praça Dragão do Mar, 17h
  • Fortaleza – Estátua Iracema Guardiã, 16h
  • Juazeiro do Norte – Mercado Pirajá, 8h

• Rio Grande do Norte
  • Natal – Mercado da Redinha, 9h

• Alagoas
  • Maceió – Praça Sete Coqueiros, 15h

• Pernambuco
  • Recife – Rua da Aurora (Ginásio Pernambucano), 14h

• Maranhão
  • São Luís – Praça Igreja do Carmo, 9h

• Sergipe
  • Aracaju – Arcos da Orla, 8h30

Norte

• Acre – Rio Branco, Lago do Amor, 15h

• Amazonas – Manaus, Praça do Congresso, 17h; Parintins, Catedral, 16h30

• Roraima – Boa Vista, Assembleia Legislativa, 16h30

• Pará – Belém, Boulevard Gastronômico, 8h (06/12); Marabá, Praça da Marabá Pioneira, 18h; Santarém, Praça Tiradentes, 17h30 (10/12)

• Tocantins – Palmas, Feira do Bosque, 17h

Sudeste

• São Paulo
  • Capital – Vão Livre do MASP, 14h
  • Campinas, Santos, Ilhabela, São José dos Campos, Bauru, Araraquara, Sorocaba, Ubatuba e Vinhedo – ao longo do dia

• Rio de Janeiro – Copacabana (Posto 5), 14h

• Espírito Santo – Vitória, Praia de Camburi, 15h

• Minas Gerais – BH, Juiz de Fora, Ouro Preto, Poços de Caldas, Tiradentes, Uberaba, Uberlândia e outras cidades

Centro-Oeste

• Distrito Federal – Brasília, Feira da Torre de TV, 10h

• Goiás – Goiânia, Praça Universitária, 15h; Alto Paraíso, Praça do Bambu, 9h (07/12)

• Mato Grosso – Cuiabá, Praça Santos Dumont, 14h (06/12)

• Mato Grosso do Sul – Campo Grande, Av. Afonso Pena, 9h; Paranaíba, Feira da Praça da República, 8h

Sul

• Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Praça da Matriz, 17h (06/12); Pelotas, Galeria 4, 15h (07/12)

• Santa Catarina – Blumenau, Brusque, Chapecó, Concórdia, Florianópolis, Garopaba, Itajaí, Joinville (06/12) e Tubarão – ao longo do dia

• Paraná – Curitiba, Praça João Cândido/Largo da Ordem, 10h

Mais informações sobre a mobilização podem ser acompanhadas no perfil do Levante Mulheres Vivas, no Instagram.