O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante audiência de custódia realizada neste domingo (23) em Brasília, que tentou violar a tornozeleira eletrônica por causa de um “surto” provocado por medicamentos. Ele negou qualquer tentativa de fuga. A juíza responsável pelo caso decidiu manter a prisão preventiva.
Segundo a ata da audiência, assinada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, Bolsonaro disse que teve “alucinação” e acreditou que havia uma escuta dentro da tornozeleira, motivo pelo qual tentou abrir a tampa. O ex-presidente afirmou não lembrar de outro episódio parecido e atribuiu o surto ao uso de um remédio novo, iniciado cerca de quatro dias antes da ocorrência.
A audiência de custódia, procedimento obrigatório para verificar a legalidade da prisão e o respeito aos direitos do detido, terminou por volta das 12h40, quando os advogados deixaram a Superintendência da Polícia Federal.
Nesta segunda-feira (24), a Primeira Turma do STF vai decidir se mantém ou revoga a ordem de prisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Devem votar Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin; Moraes não participa, por ser o autor da decisão. Se a maioria confirmar a prisão, ela poderá continuar por tempo indeterminado, com reavaliação obrigatória a cada 90 dias.
A decisão de Moraes também determinou assistência médica integral a Bolsonaro dentro da PF, proibiu visitas sem autorização prévia do STF e cancelou permissões já concedidas — incluindo as de Tarcísio de Freitas e Cláudio Castro.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela tentativa de golpe, mas ainda não está detido por essa condenação porque o prazo para recursos segue aberto. A defesa do ex-presidente e de outros seis aliados condenados deve apresentar novos recursos até esta segunda (24). Como a pena ultrapassa oito anos, Bolsonaro deverá cumprir o início da condenação em regime fechado, devendo unir a prisão preventiva atual ao início da execução da pena.

