O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (4) que o governo federal vai pressionar por uma investigação paralela sobre a operação policial que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro na semana passada, incluindo quatro policiais. A ação nos complexos do Alemão e da Penha foi a mais letal da história do estado.
“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, declarou o presidente em entrevista à Associated Press e Reuters, durante viagem a Belém (PA) para participar da COP30.
Segundo Lula, o governo está articulando para que legistas da Polícia Federal participem do processo de investigação sobre as mortes ocorridas durante a atividade policial. A medida busca garantir uma apuração independente dos fatos que marcaram a operação realizada na última terça-feira (28) contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Divergências sobre a operação
A avaliação da operação divide o governo federal e o estadual. No dia seguinte à ação, o governador Claudio Castro (PL) afirmou que a operação “foi um sucesso” e que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos nos confrontos — declaração que gerou repercussão nacional e críticas de entidades de direitos humanos.
A gravidade da situação levou três ministros ao Rio de Janeiro na última semana. Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial) se reuniram com o governador para tratar do tema. Castro está em Brasília nesta terça-feira (4) para ações relacionadas ao assunto.
Ao avaliar a operação, Lula fez crítica contundente à abordagem adotada. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, afirmou.
