O grupo terrorista Hamas anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra na Faixa de Gaza, enquanto o gabinete de segurança do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu se reúne para deliberar sobre o acordo firmado no Egito na quarta-feira (8).
O principal líder da facção palestina em Gaza afirmou ter recebido garantias dos mediadores internacionais — entre eles Turquia e Qatar — e do governo dos Estados Unidos de que o conflito, que completou dois anos nesta semana, chegou oficialmente ao fim.
Cessar-fogo e primeiras movimentações
Com a aprovação do acordo, um cessar-fogo entrará imediatamente em vigor no território palestino, e o fim oficial do conflito deverá ser anunciado tanto por Tel Aviv quanto pelo grupo terrorista. Apesar disso, relatos de bombardeios israelenses contra Gaza foram registrados por agências de notícias e por palestinos no território durante esta quinta-feira.
A expectativa é que o Exército de Israel inicie a retirada de Gaza assim que a trégua for instaurada. Nas primeiras 24 horas após o anúncio, os militares devem recuar para uma primeira linha que possibilite ao Hamas reunir todos os reféns. Entre 48 e 72 horas depois, todos os sequestrados ainda vivos devem ser libertados pela facção — não há clareza se os corpos dos reféns mortos também serão recuperados no mesmo período. Trump admitiu na quinta-feira que pode haver dificuldade para devolver alguns dos cadáveres.
Durante esses três dias, a facção e Tel Aviv precisam ainda negociar a lista de prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel. O Hamas afirma que todas as mulheres e crianças presas serão soltas.
O Exército israelense informou, em comunicado, que já iniciou “preparações operacionais” para a primeira fase do acordo. O chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, instruiu as tropas a permanecerem em suas posições enquanto o pacto era discutido. Novos bombardeios foram realizados em Gaza nesta quinta-feira pela manhã.
Netanyahu defende Nobel da Paz para Trump
Antes da reunião com o gabinete de segurança, Netanyahu voltou a defender publicamente que o presidente americano Donald Trump deveria ser laureado com o Prêmio Nobel da Paz pelo esforço diplomático que resultou no fim do conflito. O gabinete do premiê publicou uma montagem em que Trump aparece ao lado de Netanyahu usando um grande colar com a medalha da láurea.
Segundo o gabinete israelense, Netanyahu e Trump conversaram por telefone após o republicano anunciar, nesta quinta-feira, que um acordo havia sido alcançado. “Foi uma conversa calorosa e emotiva e os dois líderes se parabenizaram por esta conquista histórica”, declarou Shosh Bedrosian, porta-voz do governo israelense. Trump está previsto para chegar a Jerusalém no próximo domingo (12), enquanto seus principais negociadores, Jared Kushner e Steve Witkoff, devem desembarcar em Israel ainda nesta quinta-feira.
As perspectivas de Trump receber o Nobel, no entanto, são remotas. O porta-voz do Comitê Norueguês do Nobel, responsável pela escolha entre centenas de indicados anualmente, informou que a reunião final do grupo ocorreu na segunda-feira (6), dois dias antes do anúncio do presidente americano sobre o entendimento entre Tel Aviv e a facção terrorista.
Fases do acordo e pontos de tensão
O acordo não prevê a retirada total das tropas israelenses de Gaza em um primeiro momento. A segunda fase, ainda a ser debatida a partir das diretrizes do plano anunciado por Trump, prevê o recuo para uma segunda linha ainda dentro de Gaza apenas após o estabelecimento de uma força internacional transitória de estabilização do território palestino.
Com o acordo eventualmente concluído, Israel ainda manterá uma zona tampão por todo o perímetro de Gaza, inclusive no chamado corredor Filadélfia, área no sul do território palestino que se estende da costa até o território israelense. Na prática, Tel Aviv manterá o controle da fronteira de Gaza com o Egito, ainda que o plano do presidente americano proponha a entrada de ajuda humanitária no território palestino sem interferências.
Outro ponto ainda sem resolução — e que ameaça derrubar o acordo em fases futuras — é o desarmamento do Hamas. O grupo declarou que não aceitará entregar suas armas, enquanto o governo israelense definiu como objetivo de guerra a desmilitarização do território. O presidente americano promete que isso será alcançado nas próximas etapas de negociações.