O olhar crítico de Agnaldo Almeida

A obra organizada por Naná Garcez reúne artigos publicados em diferentes jornais e apresenta a visão crítica de Agnaldo sobre os bastidores políticos do estado. (Foto: Internet)
A obra organizada por Naná Garcez reúne artigos publicados em diferentes jornais e apresenta a visão crítica de Agnaldo sobre os bastidores políticos do estado. (Foto: Internet)

As crônicas políticas assinadas pelo jornalista Agnaldo Almeida revelam a competência com que ele se colocava como intérprete de seu tempo. Tive o prazer de ser um de seus leitores, percebendo, em cada texto, a honestidade intelectual na exposição dos acontecimentos do mundo político paraibano, sempre conduzindo o leitor a reflexões e ponderações. Era um cronista que sabia narrar, com extrema habilidade, os fatos, aprofundando-se na análise e na interpretação da situação política, de forma bem contextualizada.

No exercício desse gênero jornalístico, Agnaldo não se restringia à abordagem meramente informativa dos episódios da vida política da Paraíba. Ele nos convocava a refletir, junto com ele, sobre os eventos e as ideias políticas que se propunha a interpretar. Seu olhar crítico permitia a elaboração de textos pessoais, frutos da observação cuidadosa dos bastidores do poder. Testemunhou, assim, momentos importantes da história política paraibana, revelando detalhes e nuances que transportam o passado para o presente.

Nesta semana, compareci ao lançamento do livro póstumo de Agnaldo Almeida, organizado por quem acompanhou de perto o seu trabalho jornalístico — não apenas como esposa, mas também como parceira nas jornadas de construção do legado que ele nos deixou por meio de seus artigos. Naná Garcez nos brinda com a oportunidade de reler textos publicados em diferentes jornais da Paraíba, nos quais são esclarecidos momentos decisivos da história política do estado, em especial no âmbito do PMDB, partido cuja liderança de Humberto Lucena foi destacada por sua permanente dedicação em garantir a unidade da agremiação.

O primeiro texto foi premiado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB. Nele, Agnaldo descreve a habilidade política de Humberto Lucena em manter a coesão partidária e evitar rupturas que ameaçassem sua hegemonia. Já na primeira crônica sintetiza o espírito de sua análise ao comentar as estratégias adotadas para que o PMDB continuasse como força predominante na Paraíba. O título do livro expressa, com clareza e propriedade, a consciência de Agnaldo sobre a importância da união partidária: “Um partido só cresce quando está inteiro”. Em uma única frase, disse tudo.

A obra é prefaciada por dois personagens que conheciam profundamente a história ali registrada: o também cronista político Nonato Guedes, companheiro de atividades jornalísticas, e a ex-deputada Iraê Lucena, filha do senador Humberto Lucena. Ao longo das páginas, os leitores encontram uma narrativa que enaltece lideranças partidárias dedicadas a fortalecer a dimensão política do PMDB, enfrentando, com entusiasmo e firmeza, tanto os momentos de glória quanto os de dificuldade.

O tema escolhido por Agnaldo é de grande interesse para quem deseja compreender a história política da Paraíba, estabelecendo uma conexão direta com o debate público e com a interpretação crítica do cenário vivido à época. Trata-se, sem dúvida, de uma valiosa contribuição para o conhecimento da movimentação política do nosso estado ao longo do tempo.

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