Não aceito que a escuridão me devolva a sensação da cegueira. Recuso-me a ficar sem enxergar. Quero buscar a luz — mínima que seja — desde que me traga esperança e me conduza no caminhar da vida. Por mais que tentem me lançar num mundo sem claridade, impedindo-me de perceber como dar o passo seguinte, continuo procurando seguir a luz de uma estrela.
Quando vivenciamos momentos de crise, esses instantes sombrios da existência, sentimos como se estivéssemos imersos numa escuridão que amedronta. Entramos em pânico, desorientados, ansiando por um lampejo que nos permita visualizar o caminho a seguir. O brilho das estrelas, por menor que seja, evita que tropecemos, que esbarremos nos obstáculos sem saber como vencê-los. Assim faziam os navegadores, guiando-se pelas estrelas nas noites escuras.
No Brasil contemporâneo, chegamos a experimentar a atordoante impressão de que estávamos mergulhando na escuridão, com o caos se instalando. Quero sempre tentar enxergar uma saída, desejando divisar a luz no fundo do túnel, procurando encontrar ao menos uma estrela que me anime a acreditar no amanhã. Não podemos permitir que as trevas, teimosamente, tentem nos engolir.
Há quem diga que as estrelas são os olhos de Deus. Eu acredito nisso. A imensidão do firmamento oferece luzes que nos orientam. Ao contemplá-las, evitamos nos perder e aprendemos a escapar das ameaças tenebrosas que a escuridão impõe.
Portanto, quero ver as estrelas na escuridão — e que ninguém me impeça disso. Desejo mais: tenho fé de que todos os brasileiros hão de se libertar da venda que insistem em colocar sobre nossos olhos. Quero continuar enxergando. Quero continuar identificando tudo aquilo que representa risco para nossa democracia, discernindo o inaceitável. Quero seguir a estrela-guia que brilha mesmo no breu.
