No último 9 de setembro, comemoramos o Dia do Administrador. Uma data que deveria ser mais do que uma simples efeméride no calendário: é um convite à reflexão sobre o papel estratégico dessa profissão para o desenvolvimento econômico e social do nosso estado e do nosso país.
O administrador não é apenas o “gestor de planilhas” que muitos ainda imaginam. Ele é o arquiteto de organizações mais eficientes, o estrategista que conecta recursos, pessoas e inovação. Em um mundo cada vez mais competitivo, ter bons administradores é, sem exagero, uma questão de sobrevivência para empresas e instituições.
E quando falamos de formar esses profissionais na Paraíba, não podemos deixar de reconhecer o diferencial da Universidade Federal da Paraíba (UFPB): a EJA Consultoria.
A força da EJA Consultoria
Pouca gente fora da academia sabe, mas a EJA não é apenas uma empresa júnior. É um patrimônio da formação em administração no Brasil. Fundada em 1991, está entre as dez empresas juniores mais antigas do país e, desde então, vem construindo uma história que impacta diretamente a economia paraibana.
Em 31 anos de atuação, já foram mais de 300 projetos realizados, atendendo sobretudo pequenas e médias empresas da Paraíba. Mas não para por aí: gigantes como Armazém Paraíba, São Braz, Hospital Nossa Senhora das Neves, Ambev e TV Cabo Branco também confiaram em sua capacidade de transformar problemas em soluções.
O resultado dessa vivência prática é incontestável: inúmeros ex-membros da EJA hoje ocupam posições de destaque no mercado, liderando empresas, dirigindo equipes e conduzindo negócios com a segurança que só a prática poderia oferecer.
A EJA é, portanto, um dos grandes diferenciais competitivos do curso de Administração da UFPB. Não se trata apenas de aprender teoria em sala de aula, mas de colocar a mão na massa, de viver a realidade das organizações e de entregar resultados que mudam empresas e mudam carreiras.
O risco de extinção
Mas, justamente no Dia do Administrador, somos obrigados a levantar uma pergunta incômoda: até quando teremos a EJA?
Antes, cada gestão contava com cerca de 10 alunos engajados. Hoje, resta apenas um. Sim, um único estudante tentando manter viva uma história de três décadas.
Se nada mudar, a EJA Consultoria, uma das mais antigas do país, responsável por formar gerações de administradores que hoje se destacam no mercado, pode fechar as portas.
E o que isso revela? Seria apenas um detalhe administrativo ou estamos diante de um sintoma mais profundo da nova geração de estudantes?
A geração dos atalhos?
Há um incômodo pairando no ar. Muitos empresários, professores e até colegas de profissão já levantam a crítica: estamos formando uma geração menos interessada no trabalho duro, mais inclinada a buscar atalhos fáceis e resultados imediatos do que a mergulhar em experiências que exigem tempo, esforço e resiliência.
A pergunta que não quer calar é: será que os estudantes de hoje não enxergam mais valor em se dedicar a um projeto como a EJA, que exige horas de estudo, reuniões com clientes e enfrentamento de problemas reais?
Ou será que estamos diante de uma mudança de mentalidade, onde o imediatismo e a lógica do “resultado instantâneo” das redes sociais estão moldando profissionais menos dispostos a percorrer o caminho mais árduo, mas infinitamente mais formador?
Provoco: como pretendemos construir gestores de alto nível se a prática for abandonada?
Um chamado à sociedade paraibana
Não podemos tratar a possível extinção da EJA Consultoria como um problema apenas dos alunos. Se a empresa júnior morrer, a Paraíba inteira perde.
• A UFPB perde um de seus maiores diferenciais competitivos.
• Os professores perdem um laboratório vivo de ensino aplicado.
• Os empresários perdem uma ponte direta com talentos em formação.
• O Governo da Paraíba perde um aliado estratégico no fortalecimento da economia local.
• E a sociedade perde gestores mais bem preparados para enfrentar os desafios do mercado.
É hora de unir forças. Não apenas para resgatar o interesse dos alunos, mas para defender a EJA como um patrimônio da formação em gestão no Nordeste.
Qual geração queremos formar?
O futuro da administração na Paraíba não pode se basear apenas em diplomas. Precisamos de líderes que tenham vivido a realidade, que saibam transformar problemas em soluções, que tenham se testado em ambientes de pressão e responsabilidade.
A EJA sempre foi esse espaço. Um campo de provas onde se aprende errando, acertando, negociando, inovando. Um lugar que forma administradores de verdade.
Por isso, deixo aqui uma provocação direta aos estudantes da UFPB:
👉 Vocês querem ser administradores de currículo ou de impacto?
E um chamado aos empresários, professores e gestores públicos:
👉 Vamos deixar morrer um patrimônio ou vamos unir forças para reerguê-lo?
Conclusão
No Dia do Administrador, a maior homenagem que poderíamos fazer à profissão seria preservar e fortalecer espaços como a EJA Consultoria.
A escolha está diante de nós: podemos assistir, passivos, à morte de uma história de mais de três décadas, ou podemos agir para reerguer a EJA como símbolo de excelência na formação dos gestores da Paraíba.
A questão é simples: que geração queremos formar?